Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou nesta sexta-feira (18/10) que a guerra de Israel em Gaza e no Líbano não acabou e que prosseguirá até que os reféns mantidos pelo Hamas sejam libertados.

As declarações frustram as expectativas das principais lideranças mundiais de que a morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, fosse o primeiro passo para desescalar e encerrar o conflito que em um ano já produziu mais de 42,5 mil mortos oficiais e mais de 2 milhões de deslocados.

“A guerra, meus queridos, ainda não acabou (…) temos diante de nós uma grande oportunidade de deter o eixo do mal e criar um futuro diferente”, disse o primeiro-ministro, fazendo referência aos países que Israel considera como inimigos, como Irã, Líbano, Iêmen, Síria e Iraque.

“Nós demonstramos hoje o que acontece com todos aqueles que tentam nos prejudicar”, concluiu em discurso televisionado.

Segundo meios do Ocidente, a morte da principal liderança do Hamas, idealizador dos ataques a Israel que desencadearam a atual guerra, em 7 de outubro de 2023, pode ter alterado os planos de atacar o Irã antes de 5 de novembro – o país estudava uma retaliação aos ataques lançados por Teerã contra seu território em 1º de outubro passado.

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, parabenizou Netanyahu pela morte de um homem “que tinha muito sangue nas mãos”, e se declarou ter esperanças na retomada das negociações diplomáticas. Ao chegar à Alemanha para um encontro com líderes europeus, o mandatário norte-americano e sua vice Kamala Harris, candidata presidencial do Partido Democrata, se juntaram ao primeiro-ministro britânico Keir Starmer, o presidente francês, Emmanuel Macron e o chanceler alemão, Olaf Scholz, para pedir avanços em direção a um cessar-fogo.

“Agora existe a oportunidade para um ‘dia seguinte’ em Gaza sem o Hamas no poder, e para um acordo político que ofereça um futuro melhor para israelenses e palestinos. Sinwar era um obstáculo intransponível para atingir esses objetivos. Esse obstáculo não existe mais”, disse Biden.

RS / Fotos Públicas
Netanyahu disse que ofensiva militar israelense a Gaza prosseguirá até que os reféns mantidos pelo Hamas sejam libertados

Apesar dessas declarações, o vice-presidente do Centro de Políticas Internacionais dos Estados Unidos, Mateus Duss, disse ao New York Times que “existem muitas vozes não só em Jerusalém como em Washington defendendo que Israel deveria aproveitar sua vantagem de agora e ampliar a guerra”.

O analista internacional lembra que há cinco meses Biden avaliava que Israel já havia atingido seu objetivo de segurança e apresentou sua proposta de cessar fogo que foi ignorada por Netanyahu. Segundo Duss, “o esforço murchou em parte por causa da confusa recusa de Biden em impor quaisquer custos a Netanyahu, apesar de reconhecer que o líder israelense estava possivelmente prolongando a guerra para seus próprios propósitos políticos”.

Em Gaza, a morte de Sinwar foi recebida com pesar pela população. “O assassinato de Yahya Sinwar é uma tragédia para o povo, não esperávamos isso”, disse Amal Al-Hanawi à agência AFP, em um abrigo localizado em Nuseirat, no centro de Gaza, para onde fugiu dos bombardeios. Mesmo enlutados, alguns palestinos saudavam a “resistência” nas ruas devastadas pelos bombardeios.

No Sul do território, Thabet Amour, outro palestino deslocado, disse à Reuters que os palestinos continuariam sua luta por sua independência. “Esta é uma resistência que não desaparece quando os homens desaparecem. O assassinato de Sinwar não levará ao fim da resistência, à rendição ou a um acordo”, disse ele.

 

Com Informações de The Guardian e New York Times.