Israel pressiona EUA para impedir criação do Estado palestino
Ministro da Segurança Itamar Ben-Gvir disse que 'não existe um povo palestino'; Hamas se mobiliza contra plano de forças internacionais em Gaza
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou no domingo (16/11) que sua oposição à criação de um Estado palestino “não mudou nem um pouco”. A declaração ocorreu um dia antes da votação no Conselho de Segurança da ONU sobre a resolução elaborada pelos Estados Unidos, que propõe o estabelecimento de uma administração de transição e de uma força internacional de estabilização (FIE) em Gaza.
A emissora pública israelense Kan informou que o governo de Netanyahu empenhava-se numa pressão diplomática de última hora para alterar o texto da resolução – que Washington havia modificado para incluir termos mais definidos sobre a autodeterminação palestina, cedendo à pressão de países árabes e muçulmanos que contribuirão com tropas para as Forças de Segurança Israelenses (FSI).
A versão atual do rascunho menciona que “as condições podem estar presentes para um caminho credível rumo à autodeterminação e à formação de um Estado palestino” após a “implementação fiel” de reformas na Autoridade Palestina e “avanços na reconstrução de Gaza”.
Posteriormente, o Hamas e outras facções da resistência palestina apelaram à Argélia – membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU – para que rejeitasse o plano de implantação de forças de estabilização no território palestino.
Em comunicado, os grupos de resistência classificaram a iniciativa como “uma nova tentativa de impor outra forma de ocupação à nossa terra e ao nosso povo, e de legitimar a tutela estrangeira”.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse ao seu gabinete que sua oposição a um Estado palestino ‘não mudou nem um pouco’
Foto: @MarioNawfal
“Dirigimos um apelo sincero e fraterno à República da Argélia, ao seu governo e ao seu povo, para que mantenham suas posições de princípio em apoio à Palestina e sua firme rejeição a quaisquer projetos que atentem contra a identidade de Gaza e o direito do nosso povo à autodeterminação”, acrescentou o comunicado.
Do lado israelense, os aliados de extrema-direita de Netanyahu – o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, e o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich – exigiram declarações públicas assegurando que Israel jamais aceitará o reconhecimento de um Estado palestino. Ben-Gvir chegou a afirmar que “o povo palestino não existe”.
Essas manifestações sionistas ocorreram no sábado (15/11), após a divulgação de uma declaração conjunta organizada pelos EUA e assinada por diversas nações, que – no âmbito do plano de 20 pontos do presidente Donald Trump para o fim da guerra em Gaza – oferece um caminho para a criação de um Estado palestino.
“Não existe um ‘povo palestino’. É uma invenção sem qualquer base histórica, arqueológica ou realista”, publicou Ben-Gvir na rede social X, acrescentando que “o grupo de imigrantes de países árabes que vieram para a Terra de Israel não constitui um povo”.
O ministro defendeu ainda que a única solução real para Gaza é “incentivar a emigração voluntária” – e não a criação de um Estado que, em sua visão, recompensaria o terrorismo. Garantiu que seu partido ultranacionalista, Otzma Yehudit, “não fará parte de nenhum governo que aceite isso” e instou Netanyahu a esclarecer que Tel Aviv “não permitirá o estabelecimento de um Estado palestino sob nenhuma circunstância”.
Bezalel Smotrich, por sua vez, pediu ao primeiro-ministro que “deixe claro para o mundo inteiro” que “um Estado palestino jamais será estabelecido”, argumentando que o “silêncio” do premiê sobre o tema tem sido uma “vergonha diplomática”.
A declaração conjunta, que integra o plano de cessar-fogo, foi apoiada por Catar, Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Indonésia, Paquistão, Jordânia e Turquia, e observa que o processo “oferece um caminho para a autodeterminação e a formação de um Estado palestino”.
“Ressaltamos que este é um esforço sincero e que o Plano oferece um caminho viável para a paz e a estabilidade, não apenas entre israelenses e palestinos, mas para toda a região”, prosseguiu o documento. “Aguardamos com expectativa a rápida aprovação desta resolução.”























