Israel mata mais três jornalistas no sul do Líbano
Guerra promovida por Israel já acumula recorde de profissionais assassinados; três de cada quatro mortes de repórteres em 2023 ocorreram em Gaza
Um ataque aéreo na madrugada desta sexta-feira (25/10) matou três jornalistas e feriu vários outros enquanto dormiam numa casa de hóspedes em Hasbaya, no sul do Líbano. Testemunhas disseram que foi um ataque direto aos bangalôs que acomodavam 18 profissionais da imprensa de sete veículos diferentes numa área afastada do conflito.
O ataque tornou esta sexta-feira o dia mais mortal para a mídia numa guerra que já acumula o recorde de jornalistas assassinados.
“Este é um assassinato, após monitoramento e rastreamento, com premeditação e planejamento”, disse o ministro da Informação do Líbano, Ziad Makary.
Um dia antes deste episódio, Israel bombardeou o escritório da agência pró iraniana Al-Mayadeen, nos subúrbios do sul do Líbano. As instalações do agência estavam vazias, mas o ataque matou uma pessoa e feriu outras cinco, inclusive uma criança, segundo o Ministério da Saúde do Líbano.
A guerra que mata a mídia
As vítimas mortais desta sexta-feira foram o operador de câmera Ghassan Jajjar e Mohamed Reda, da Al-Mayadeen, e o operador de câmera Wissan Qassen, do Al-Manar, pró-Hezbollah.
“Ouvimos o avião voando muito baixo, foi isso que nos acordou. Depois ouvimos os dois mísseis. Nem sei como consegui sair de debaixo dos escombros”, disse Muhammad Farhat, repórter do jornal libanês Al-Jadeed à Reuters.
Em um ano de guerra, Israel bateu o recorde de profissionais da mídia mortos em conflitos.
Segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), suas investigações preliminares indicam que ao menos 128 profissionais da área foram mortos desde que o início da guerra. Já o gabinete de Imprensa do Governo de Gaza contabiliza 173 jornalistas mortos até setembro. E vale lembrar que Israel proibiu a entrada de correspondentes estrangeiros desde que começou o conflito.

Fotos Públicas
Manifestantes em São Paulo escenificam o assassinado de palestinos e jornalistas em Gaza como denúncia
Ao menos 31 dessas mortes ocorreram em situações nas quais há suficiente informação para se afirmar que foram assassinados por causa da profissão.
Três de cada quatro repórteres mortos no mundo em 2023 morreram em Gaza. Entre eles, um fotógrafo da agência Reuters, Issam Abdallah. Ele e seis colegas, que ficaram feridos, estavam numa colina perto da fronteira, identificados visivelmente como jornalistas quando foram alvejados.
Grupos que lutam pela liberdade de imprensa denunciam que há claro padrão de matar jornalistas. Segundo a Federação Internacional de Jornalistas, a mortalidade desses profissionais em Gaza é superior a 10%.
“Se não houver jornalistas, não haverá ninguém que possa verificar os fatos de forma independente e contar ao mundo”, disse Jonathan Dagher, chefe do Escritório do Oriente Médio dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
Acusações desmascaradas
Em diversas ocasiões, o Exército de Israel alegou que os jornalistas foram mortos porque eram combatentes armados ou terroristas. Ismail al-Ghoul, que reportava para a Al Jazeera, foi um deles. No dia seguinte à sua morte, militares alegaram que ele era do Hamas, nomeado para uma unidade de elite do grupo em 2007. Nesse data, al-Ghoul tinha 27 anos.
A morte de outros dois jornalistas acusados de terroristas foi investigada pelo Washington Post que mostrou que o drone usado como “evidência”, na verdade, filmava pessoas tirando outras de debaixo dos escombros.
Além de jornalistas, a infraestrutura da mídia também é alvo dos bombardeios, assim como foi a torre de comunicação das Forças de Paz da ONU. O objetivo é eliminar testemunhas para que a narrativa de Israel seja a única.
Na quinta-feira (24/10), o Exército de Israel invadiu um hospital na parte sitiada do norte de Gaza e prendeu um ciberativista palestino, Abdul Ranman Tattah, de 18 anos. Ele já sofreu maus tratos dentro do hospital e foi levado para local desconhecido. Ele tem 3,5 milhões de seguidores no Instagram.























