Sábado, 6 de dezembro de 2025
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As Forças Armadas de Israel (IDF, por sua sigla em inglês) reforçaram os ataques ao território da Faixa de Gaza nesta sexta-feira (03/01), ao realizar uma série de ataques que resultaram na morte de ao menos 35 civis, incluindo mulheres e crianças.

Os ataques israelenses já produziram mais de 150 mortes de civis palestinos nos primeiros três dias de 2025, segundo números divulgados pela autoridade sanitária de Gaza.

A intensificação dos bombardeios contra civis no território palestino ocorre enquanto negociadores de alto escalão se preparam para retomar as negociações de paz em Qatar.

Só na cidade de Gaza, mais de 40 pessoas perderam a vida, vítimas dos bombardeios de quinta-feira (02/01). “A situação de ontem era difícil, especialmente na Cidade de Gaza. Ali vimos um novo tipo de operações: 90% dos ataques foram massacres de cidadãos”, disse o porta-voz da Defesa Civil Mahmoud Bassal à agência EFE. “Foi uma loucura (…) os médicos estão muito afetados porque tiveram que trabalhar comparando pacientes e atendendo primeiro os que tinham mais chances”.

Hospitais na mira

Jornalistas e infraestrutura médica voltaram a ser alvos preferenciais dos ataques. O exército sionista destruiu estações de oxigênio e eletricidade do Hospital Indonésio de Beit Lahia e os bombardeios continuaram até arrasar completamente seu entorno. Além disso as forças israelenses ordenaram a evacuação imediata do hospital.

O Hospital Indonésio já estava sem suprimentos pois fica no norte de Gaza, que está sitiado pelas IDF e impedido de receber provisões há quase dois meses.

O maior hospital da região, o Kamal Adwan, já deixou de funcionar depois de ser arrasado por vários bombardeios e duas invasões militares que prenderam médicos e funcionários. A última foi na sexta-feira passada (27/12), quando as IDF ordenaram a desocupação do prédio, prenderam médicos e o diretor do hospital, Hussam Abu Safiya, que continua detido. Muitos pacientes do Hospital Kamal foram levados para o Hospital Indonésio, mas os médicos foram impedidos de ir para lá.

Dois jornalistas mortos em 24 horas

Na cidade de Az-Zawaida, no centro de Gaza, o fotojornalista Amr Al-Derawi e seus pais foram mortos quando caças bombardearam a casa da família Shalt. Foi o segundo jornalista morto em 24 horas, elevando para 202 o número de profissionais da mídia mortos mortos por Israel nesta guerra

Wiki Palestina/Wikimedia Commons
A ONU denunciou que Israel mata uma criança por hora em Gaza

Navios israelenses bombardearam o campo de refugiados de Nuseirat. Ao mesmo tempo, o campo de refugiados de al-Bureij, no centro do enclave, sofria bombardeio de artilharia e incursão de forças terrestres. Já na província de Gaza Central, helicópteros abriram fogo contra casas e barracas de palestinos deslocados.

O repórter da Al Jazeera Abu Azzoum informou que os tiros em Deir el-Balah sugeriam um “potencial avanço militar das forças terrestres de Israel” em resposta a um ataque do Hamas a um tanque israelense na área.

Negociações de cessar-fogo serão retomadas

Ao lado da intensificação dos ataques, o governo de Israel informou que o primeiro ministro Benjamin Netanyahu autorizou a retomada das negociações de paz. Para isso, uma delegação da agência de inteligência Mossad, da agência de segurança interna Shin e de militares se dirige ao Qatar.

Especialistas que acompanham o processo, ouvidos pela Al Jazeera, tem avaliações divergentes sobre as perspectivas dessas negociações. Um deles acredita que o Hamas pode estar disposto a recuar em uma de suas principais exigências, que é a retirada imediata de todas as forças israelenses de Gaza.

“Houve muita pressão dos mediadores, principalmente dos do Egito e de Qatar, para que eles fossem flexíveis nesse ponto”, disse Sami al-Arian, diretor do Centro para o Islã e Assuntos Globais da Universidade Zaim de Istambul.

Mas Ori Goldberg, analista político de Tel Aviv, avalia que não há motivos para otimismo sobre um cessar fogo e que a falta de pressão internacional não ajuda. Segundo ele, embora a população israelense queira um acordo, o governo do país nem tanto porque “a guerra serve aos seus interesses”.

“Até onde eu sei, o Hamas está interessado em um acordo, mas não excessivamente, porque suas taxas de recrutamento estão aumentando à medida que Israel continua seu genocídio em Gaza”, disse Goldberg.

Guerra mata uma criança por hora

A guerra até agora matou quase 46 mil palestinos (6% da população de Gaza), sem contar os cerca de 10 mil que se estima estejam soterrados sob os escombros. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que a guerra mata uma criança por hora em Gaza.  Israel também provocou a destruição generalizada de toda a infraestrutura básica do enclave e deslocou cerca de 90% da população, muitos deles várias vezes.

Além disso, a guerra em Gaza intensificou o conflito na Cisjordânia, com ataques israelenses e ampliação da expulsão de palestinos de suas terras para instalação de colonos.

O ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 matou 1.200 israelenses e fez 250 prisioneiros. Cerca de cem deles continuam em Gaza.