Sábado, 6 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

Israel lançou na noite desta segunda-feira (15/09) uma ofensiva terrestre em larga escala contra a Cidade de Gaza. Enquanto tanques avançavam na cidade, navios e aviões israelenses intensificaram os bombardeios. Segundo autoridades israelenses, esta é a fase principal da operação para tomar o controle da região.

“As tropas da Força de Defesa de Israel (IDF) começaram a expandir as operações terrestres na Cidade de Gaza como parte da Operação Carruagens de Gideão II. No último dia, a atividade da IDF na Cidade de Gaza começou de acordo com o plano operacional e deve se expandir de acordo com a avaliação situacional atual. Seu objetivo é atingir os objetivos da guerra em Gaza e aprimorar as conquistas obtidas durante o combate”, afirmou a IDF em comunicado postado na plataforma X.

A informação foi confirmada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, horas após o seu encontro, nesta segunda-feira (15/09), com o chefe do Departamento de Estado norte-americano Marco Rubio, em Jerusalém. “Lançamos uma operação poderosa na Cidade de Gaza”. Ele acrescentou que Israel estava em um ponto de inflexão ‘decisivo'”, disse.

“Gaza está em chamas”, disse o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, em um comunicado após uma noite de bombardeios intensos na Cidade de Gaza. O exército israelense “está atacando com punho de ferro a infraestrutura terrorista”, acrescentou. O exército israelense instruiu civis a buscar abrigo em al-Mawasi, no sul do território, uma área chamada de “segura” por Israel que vem sendo alvo de vários ataques aéreos.

800 mil pessoas no local

Rosalie Bollen, porta-voz da Unicef, afirmou que mais de 800 mil pessoas permanecem na Cidade de Gaza, incluindo 450 mil crianças, em condições críticas. Muitos são idosos, doentes ou feridos e não conseguem fugir. “Foi uma noite muito difícil” com um “ritmo de bombardeio cada vez maior”, destacou a equipe da Agência em Gaza.

Ao The Guardian, autoridades da ONU afirmaram que 142.387 palestinos cruzaram do norte para o sul entre 14 de agosto e 14 de setembro, com cerca de metade chegando nos últimos quatro dias. Os números das Nações Unidas contradizem os das autoridades israelenses que afirmam que cerca de 320 mil pessoas se mudaram para áreas designadas pelos militares no centro e no sul da Faixa de Gaza.

Israel inicia ofensiva terrestre na Cidade de Gaza com 800 mil pessoas no local
Jaber Jehad Badwan / Wikipedia Commons

Moradores relatam explosões constantes e um aumento drástico nos ataques, que destruíram dezenas de casas e deixaram dezenas de mortos e feridos, especialmente no bairro de Sabra. Hind Khoudary, correspondente da Al Jazeera, em Nuseirat ocidental, disse que a situação dos milhares de palestinos que estão evacuando a cidade é “insuportável”, enquanto os sons de “explosões sem fim” ecoam no norte do enclave palestino.

“Eles não têm abrigo, nenhum refúgio. Estamos vendo pessoas fugindo com os olhos cheios de lágrimas. É mais um dia de deslocamento nesta jornada miserável”, afirmou. Até às 8h (horário de Brasília) desta terça (16/09), pelo menos 62 pessoas foram mortas nos ataques nesta terça-feira (16/09), 20 no bairro de Daraj, na Cidade de Gaza. E mais três pessoas morreram de fome.

Intervenção internacional

Nas primeiras horas desta manhã, o Ministério das Relações Exteriores da Palestina pediu “intervenção internacional excepcional e urgente” para proteger civis e deter a invasão, afirmando que a diplomacia falhou em conter a guerra. Diz o comunicado postado na plataforma X:

O Ministério vê com extrema seriedade a vanglória dos funcionários do governo de ocupação sobre iniciar a invasão da Cidade de Gaza, colocando em risco a vida de centenas de milhares de civis palestinos com mortes e deslocamentos. Considera isso um ataque deliberado a civis, transformando a Cidade de Gaza em um cemitério em massa e uma terra inabitável, como é o caso da área mais ampla do setor, e empurrando quase um milhão de palestinos para o deslocamento e a movimentação dentro de um estreito círculo de morte.

O Ministério exige uma intervenção internacional excepcional para deter esse grande crime e maximizar soluções políticas e diplomáticas que garantam o fim imediato da guerra e da agressão, a proteção de civis, a prevenção de seu deslocamento do setor, a libertação imediata de reféns e prisioneiros e a entrega sustentável de ajuda em conformidade com a implementação da Declaração de Nova York.