Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O governo de emergência Israel anunciou nesta sexta-feira (20/10) uma nova lei de regulamentação da mídia.

O jornal israelense The Times of Israel utilizou o termo “emergencial” ao se referir ao decreto, devido à alegação do governo de que se trata de uma lei que estaria em vigor somente durante os ataques aos palestinos.

Entre os mecanismos presentes na nova legislação, o mais polêmico é o que permite ao Estado proibir a atuação de meios que sejam considerados “ameaças à segurança nacional”.

Essa definição coloca em risco o futuro da sede israelense do canal Al Jazeera. A cadeia de notícias cuja sede principal fica no Catar é o principal veículo de comunicação árabe atuando em Israel e nos territórios palestinos e costuma ser criticada por ter uma linha editorial que as autoridades israelenses consideram como “excessivamente pró Palestina”.

Segundo a agência de notícias turca Anadolou, a notícia do novo decreto foi apresentada pela emissora pública israelense KAN usando justamente a Al Jazeera como exemplo, afirmando que, de acordo com o novo regulamento, os escritórios do canal catari no país poderiam ser fechados e seus equipamentos confiscados.

Regulamento permite atuar contra meios considerados ‘ameaças à segurança nacional’; ministro das Comunicações, autor do texto, acusou canal árabe de fazer ‘propaganda do Hamas’

Al Jazeera

Redação da Al Jazeera em Israel pode ser fechada de acordo com nova lei de meios do país

Outro site de notícias israelense, o i24, usou um vídeo do ministro das Comunicações de Israel, Shlomo Karhi, afirmando que o canal árabe “transmite propaganda do Hamas em árabe e inglês para telespectadores de todo o mundo”.

Efeito retroativo

O principal responsável pela nova legislação, Karhi é descrito pelo The Times of Israel como “integrante da linha dura do partido Likud”, a legenda conservadora liderada pelo premiê Benjamin Netanyahu.

Em declaração após a oficialização do decreto, ele disse que a lei terá efeito retroativo. Isso significa que mesmo que a Al Jazeera altere sua linha editorial para se adequar à normativa, ela poderá ser punida pelo que vem veiculando sobre o conflito na região desde o dia 7 de outubro – data em que Netanyahu declarou guerra ao Hamas e aos territórios palestinos.

“Israel está em uma guerra que se reproduz por terra, por ar, por mar, na frente diplomática e na opinião pública. Não permitiremos, de forma alguma, transmissões que prejudiquem a segurança do nosso Estado”, disse Karhi, ao anunciar a aprovação do regulamento.

Em um comunicado, o canal Al Jazeera negou estas alegações do governo israelense sobre sua suposta ligação com o grupo Hamas.

Com informações de The Times of Israel, Anadolou e Al Jazeera.