Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Duas médicas estrangeiras foram impedidas por Israel de entrar na Faixa de Gaza para trabalharem como voluntários em hospitais que atendem vítimas do genocídio palestino. A informação é do jornal Haaretz.

De acordo com o periódico, as profissionais da saúde são Mimi Syed, dos Estados Unidos, e Catherine Le Scolin-Quere, da França, e foram barradas “sob ordens do serviço de segurança Shin Bet [Agência de Inteligência de Israel]”.

Voluntárias de uma instituição norte-americana que envia médicos para lugares em crise ao redor do mundo, Syed e Scolin-Quere já haviam atuado nos hospitais de Gaza durante a guerra de Israel, em 2024.

Na mais recente viagem, deveriam ter chego na Faixa de Gaza na última quinta-feira (21/08) após voarem de seus países de origem até a Jordânia para cruzar a fronteira com o enclave. Contudo, foram notificadas “de última hora”, na noite de quarta-feira (20/08), pelo Coordenador de Atividades Governamentais nos Território (Cogat), agência israelense responsável por coordenar atividades humanitárias) que não teriam permissão para entrar no enclave palestino desta vez.

Após deixar os hospitais de Gaza em dezembro de 2024, Syed concedeu entrevistas a diversos veículos de comunicação estrangeiros, nas quais criticou a ofensiva militar das Forças de Defesa Israelenses (IDF, na sigla em inglês) e relatou ter declarado a morte de “dezenas de crianças após serem baleadas ou atingidas por bombas”.

“Acho que a melhor coisa que aprendi em Gaza é que é impossível ignorar a verdade. Depois de ver o que está acontecendo lá, fica muito fácil distinguir entre o bem e o mal”, declarou na época ao próprio Haaretz.

Após ser impedida de entrar em Gaza, a médica voltou a conversar com o jornal israelense e disse acreditar que suas posições nas entrevistas contribuíram para que Israel impedisse seu retorno ao enclave.

Médicas impedidas por Israel já haviam atuado como voluntárias em meio ao genocídio palestino
IRNA/Fotos Públicas

“Eles não deixam jornalistas entrarem e matam os repórteres de Gaza que estão lá, para que os médicos que chegam revelem a verdade ao mundo. Mas eles não querem que contemos o que está acontecendo em Gaza — especialmente agora, quando planejam invadir a Cidade de Gaza”, declarou

De acordo com o Haaretz, além das duas médicas, o grupo também era formado por uma enfermeira, que teve permissão para entrar, contudo avaliou “não ter sentido” trabalhar na missão sozinha e também retornou.

Por sua vez, o Cogat disse que “trabalha para possibilitar e facilitar” a assistência médica a Gaza “em cooperação com a comunidade internacional”. “Ressaltamos que Israel não restringe o número de agentes humanitários autorizados a entrar em Gaza em nome da comunidade internacional, sujeito aos arranjos necessários por razões de segurança e pela situação operacional”, declarou, sem mencionar a proibição das médicas norte-americana e francesa.

Israel bloqueia entrada de fórmula de leite para bebês

O Haaretz ainda revelou que, na última quarta-feira (20/08), um caminhão que transportava fórmula de leite infantil para Gaza, enviado por um grupo de israelenses e norte-americanos, foi impedido de entrar.

Na fronteira do enclave, as autoridades israelenses informaram que a carga não poderia entrar porque se tratava de um caminhão aberto, e não fechado — uma regra que nunca havia sido mencionada ou aplicada, de acordo com uma fonte envolvida no grupo.

Por sua vez, Israel disse que “não impede nem restringe” a entrada de alimento para bebês em Gaza, incluindo fórmulas de leite.

“Como prova, desde 19 de maio, mais de quatro mil toneladas de alimentos para bebês entraram pelas fronteiras após rigorosos controles de segurança. Ressaltamos que a importação de alimentos para bebês é realizada em coordenação com organizações internacionais e com base em solicitações, sujeita às regulamentações e à coordenação prévia”, justificou.

(*) Com informações de Haaretz