‘Israel fracassou ao tentar eliminar lideranças políticas do Hamas, diz vencedor do Pulitzer
Jeremy Scahill denunciou que Forças de Defesa Israelenses aniquilaram jovens, assistentes e familiares de integrantes da resistência palestina
O jornalista investigativo e vencedor do Prêmio Pulitzer Jeremy Scahill declarou, em entrevista ao Democracy Now, que durante todo o genocídio na Faixa de Gaza, e também no ataque promovido contra o Catar, Israel “não conseguiu matar nenhum dos líderes políticos” do Hamas.
Segundo o repórter norte-americano, os ataques das Forças de Defesa Israelenses (IDF) mataram jovens participantes da resistência palestina e “assistentes de escritório do grupo”.
“Eram homens que, quando você se encontra com o Hamas em seus escritórios, estão trazendo café ou carregando sacolas. Eles são os responsáveis pela logística. São jovens. Foram eles que Israel matou. Eles não mataram nenhum dos principais líderes”, declarou.
Como exemplo, o jornalista apontou dois principais líderes do Hamas que estão vivos e já os entrevistou — Basem Naim e Ghazi Hamad.
Sobre o ataque israelense contra o Catar para atingir a cúpula negociadora do Hamas, em setembro passado, Scahill lembrou que as vítimas foram familiares de integrantes da resistência e, mais uma vez, não foram os líderes.
“Israel não matou nenhum dos altos funcionários do Hamas, mas vários funcionários administrativos, incluindo o secretário de Khalil al-Hayya [principal negociador do Hamas no Catar], além de seu filho, também atingindo sua esposa e nora”, detalhou.
Segundo o jornalista, “há dúvidas se a intenção era de fato matar al-Hayya e sua equipe, ou se era fazer exatamente o que fizeram, tentar matar familiares e outras pessoas como um tiro de advertência”. Contudo afirmou que “Israel não costuma errar o alvo nesse sentido”.

Khalil al-Hayya, principal negociador do Hamas no Catar
khamenei.ir/Wikicommons
Frente palestina unificada
Em sua entrevista à Amy Goodman, do Democracy Now, o jornalista investigativo também falou sobre a organização da resistência palestina como um todo durante a segunda fase do cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Segundo Scahill, apesar do grupo palestino liderar as negociações em relação ao cessar-fogo, trocas de prisioneiros e estar em combate militar contra as IDF, há assuntos sobre o futuro do enclave palestino que não estão a cargo apenas do Hamas
“Eles têm dito consistentemente que quaisquer questões sobre o desarmamento do povo palestino, a governança de Gaza, e as futuras tentativas de unificar a Cisjordânia ocupada, Jerusalém ocupada e Gaza sob a bandeira de um Estado palestino independente são demandas que não estão sob o mandato do Hamas”, afirmou.
De acordo com o repórter, “durante grande parte” do genocídio promovido por Israel o Hamas não tomou decisões solo, mas “consultou uma ampla gama de facções políticas, incluindo seus oponentes políticos”, como Mustafa Barghouti — médico palestino, que é figura de destaque na liderança política regional por se apresentar como uma alterantiva à luta armada.
O vencedor do Pulitzer afirmou que o Hamas também está organizando diversas reuniões com demais facções políticas palestinas, como a Jihad Islâmica, e o Fatah, além da própria Autoridade Nacional Palestina (ANP). Eles reconhecem a necessidade de uma “frente unificada contra uma agenda neocolonial” que cuidará de todos os assuntos referentes ao futuro do enclave.
“Todas as facções palestinas, independentemente do que pensem sobre o Hamas ou a Jihad Islâmica, estão na mesma página. Eles entendem que o futuro está em jogo”, acrescentou.























