Israel continua ataques em dia de negociação por cessar-fogo na Faixa de Gaza
Pelo menos 20 pessoas foram mortas nas últimas 24 horas; palestinos são presos na Cisjordânia e drones israelenses atingem o Líbano
Israel continua atacando a Faixa de Gaza nesta segunda-feira (06/10) enquanto as delegações israelenses e do Hamas discutem no Cairo, no Egito, o plano de cessar-fogo apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, nas últimas 24 horas, pelo menos 24 palestinos foram mortos e 96 ficaram feridos em novos ataques. A agência catari Al Jazeera aponta que os ataques prosseguem “inabaláveis”, com dez pessoas mortas desde o amanhecer desta segunda-feira (06/10), incluindo três vítimas que aguardavam ajuda humanitária nos centros administrados pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF).
Na Cidade de Gaza, crianças foram feridas por um bombardeio nas proximidades da Escola al-Rum, no bairro de Tal al-Hawa. Segundo a agência catari, ambulâncias e equipes de emergência enfrentaram dificuldades para acessar as áreas atingidas.
Desde o dia 3 de outubro, quando Trump pediu publicamente o fim dos ataques na Faixa de Gaza, pelo menos 104 pessoas foram mortas, informa a Al Jazeera.
Cisjordânia ocupada
Na Cisjordânia ocupada, colonos israelenses atacaram ativistas da paz na aldeia de Shalal al-Auja, ao norte de Jericó, deixando vários feridos, segundo a Organização de Direitos Humanos Al-Baydar. Agricultores palestinos também denunciaram que colonos arrancaram cerca de 120 oliveiras na planície de Marj Sa’i, entre as aldeias de al-Mughayyir e Abu Falah, ao nordeste de Ramallah.
Em Hebron, as forças israelenses explodiram a casa do prisioneiro Ahmad Rafiq al-Haimouni, provocando danos nas residências vizinhas. A prisões também continuam: em Tubas e no campo de refugiados de Far’a, quatro jovens palestinos foram presos, e um deles ficou ferido durante as operações militares.
Os ataques israelenses também foram dirigidos contra o Líbano. No sul do país, dois civis morreram e outro ficou ferido depois que um drone israelense atingiu um veículo na cidade de Zebdine, informou o Ministério da Saúde libanês.

Israel continua ataques em dia de negociação por cessar-fogo na Faixa de Gaza
Agência Wafa
Dois anos de guerra
Pelo menos 67.160 pessoas foram mortas e 169.679 ficaram feridas desde o início da ofensiva israelense, em outubro de 2023, segundo dados do Ministério da Saúde em Gaza. A Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) publicou um relatório revelando a magnitude da destruição nestes dois anos de guerra.
Segundo o relatório, cerca de 80% das estruturas de Gaza foram danificadas ou destruídas, 98% das terras agrícolas estão inutilizadas, 90% da infraestrutura de água e saneamento foi danificada e 660 mil crianças seguem fora da escola, muitas delas pela terceira vez consecutiva.
Mais de 370 funcionários da UNRWA foram mortos e 845 pessoas faleceram enquanto se abrigavam em instalações da ONU. Além disso, 790 ataques contabilizados atingiram profissionais e instalações de saúde e apenas quatro dos 22 centros médicos da agência permanecem operacionais.
A organização Human Rights Watch (HRW) também se pronunciou nesta segunda-feira (06/10), afirmando que o plano de Trump “não substitui uma ação internacional urgente” para proteger civis e responsabilizar autores de crimes de guerra.
A HRW denuncia que a proposta ignora as obrigações legais de responsabilização e direitos humanos, e insta os governos a impor embargos de armas e sanções direcionadas, além do apoio ao Tribunal Penal Internacional. “O plano de Trump não aborda diretamente os crimes cometidos e nem a necessidade de justiça”, afirmou Omar Shakir, diretor da organização para Israel e Palestina.
“Os dois anos desde 7 de outubro de 2023 trouxeram um fluxo aparentemente interminável de atrocidades contra civis, para as quais não houve trégua ou justiça. Os governos não devem esperar pela adoção do plano de Trump ou de qualquer outro para agir”, afirmou.























