Sábado, 6 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

O Ministério das Relações Exteriores de Israel avalia autorizar a entrada de jornalistas estrangeiros na Faixa de Gaza após o término dos conflitos, segundo uma fonte próxima ao assunto citada pelo veículo israelense Haaretz.

O assunto foi debatido na quarta-feira (15/10) em uma reunião que contou com representantes do Ministério das Relações Exteriores, do Ministério da Justiça e do setor de defesa. Durante a guerra, o acesso de correspondentes internacionais a Gaza foi rigorosamente restrito — limitado a zonas controladas pelo exército e apenas quando acompanhados por porta-vozes das IDF, o que impossibilitou a cobertura independente do conflito.

O setor de defesa israelense entende que o envio de uma força internacional para Gaza e a abertura do posto de fronteira de Rafah tornarão inviável qualquer tentativa de bloquear a entrada de jornalistas no enclave. Enquanto isso, o Ministério das Relações Exteriores aguarda o posicionamento do primeiro-ministro para consolidar uma decisão definitiva.

A presença da mídia internacional em Gaza é considerada urgente por organizações jornalísticas. Phil Chetwynd, diretor global de notícias da Agence France-Presse (AFP), declarou ao The Conversation: “Qualquer situação em que a mídia independente seja excluída ou alvo de ataques levanta questionamentos sobre a motivação. Alegam que é por nossa segurança, mas temos coberto guerras ininterruptamente nos últimos 100 anos. Estamos prontos para assumir os riscos. Dado o número extraordinariamente alto de jornalistas mortos em Gaza, temos que presumir que se trata de uma tentativa deliberada de impedir que a mídia revele todo o impacto da guerra e da campanha militar israelense”.

Os dados são alarmantes: desde o início da ofensiva israelense em Gaza, em outubro de 2023, aproximadamente 220 jornalistas foram mortos no território sitiado. De acordo com a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), pelo menos 56 desses profissionais foram intencionalmente alvejados ou mortos em retaliação ao seu trabalho. A entidade já interpôs cinco queixas junto ao Tribunal Penal Internacional (TPI) nos últimos dois anos, pleiteando justiça para as vítimas e o fim da impunidade por crimes cometidos contra jornalistas.