Israel autoriza ONU a entregar ajuda humanitária em Gaza, confirma porta-voz

A Organização das Nações Unidas (ONU) recebeu autorização do governo israelense para entregar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, como parte da primeira fase do acordo de cessar-fogo assinado, de acordo com o porta-voz adjunto da organização, Farhan Haq, durante uma coletiva na segunda-feira (13/10). 

“Temos a autorização necessária para levar toda essa ajuda a Gaza, e isso foi acordado com as autoridades israelenses”, confirmou Haq, acrescentando que os recursos atualmente estão em vários pontos fora do enclave. Para a distribuição, é fundamental que Tel Aviv abra os corredores humanitários. 

O Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) declarou que a assistência em Gaza já está expandindo, mas apelou para que os países doadores aumentem suas contribuições.

“Um adicional de US$ 11 milhões foi alocado para apoiar a ampliação imediata da ajuda humanitária em Gaza por meio do Fundo Central de Resposta a Emergências”, disse Tom Fletcher, coordenador de ajuda emergencial da ONU. Entretanto, alertou que a entrega contínua de recursos depende do auxílio internacional.

De acordo com o plano humanitário, para os primeiros 60 dias do cessar-fogo, a ONU e seus parceiros fornecerão ajuda e serviços vitais aos residentes de Gaza, incluindo alimentos, água, cuidados de saúde, suprimentos de abrigo, kits de higiene, proteção e serviços de assistência.

No dia anterior, as lideranças responsáveis pela mediação do cessar-fogo em Gaza – Estados Unidos, Turquia, Catar e Egito – assinaram um documento abrangente sobre as cláusulas do tratado. A cerimônia da cúpula internacional sobre a paz no Oriente Médio foi realizada na cidade egípcia de Sharm El-Sheikh, com a presença de líderes e representantes de mais de 31 países, bem como organizações internacionais e regionais.

A Organização das Nações Unidas (ONU) recebeu autorização do governo israelense para entregar ajuda humanitária à Faixa de Gaza
X/UNRWA

80% da infraestrutura destruída

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) iniciou uma avaliação das necessidades de reconstrução e informou que mais de 80% de todos os prédios em Gaza estão destruídos ou danificados. Segundo o órgão, o número de construções afetadas em ataques israelenses chega a 92% na Cidade de Gaza, o principal centro urbano do enclave.

A organização estima que pelo menos 55 milhões de toneladas de escombros precisam ser removidas. Segundo um levantamento anterior, mais de 190 mil edificações estavam danificadas, incluindo 193 mil prédios parcial ou totalmente destruídos, 213 hospitais afetados e mais de mil escolas demolidas.

O PNUD anunciou o início das operações de limpeza, contudo relatou que a presença de munições não detonadas tem dificultado o trabalho. Além disso, corpos soterrados continuam sendo encontrados.

Segundo Jaco Cilliers, uma autoridade do PNUD, há sinais encorajadores de alguns países — incluindo os Estados Unidos, bem como nações árabes e europeias — quanto à disposição de contribuir com o custo estimado de US$ 70 bilhões para a reconstrução de Gaza.

No dia anterior, a Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento, braço econômico da organização, estimou que a reconstrução da região poderia levar até 70 anos, com um custo de cerca de US$ 80 bilhões.

(*) Com Ansa e Telesur