Israel ataca hospital em Gaza e mata 15 pessoas, incluindo cinco jornalistas
Hussam al-Masri (Reuters), Mohammed Salama (Al Jazeera), Moaz Abu Taha (NBC), Mariam Abu Daqqa (AP) e Ahmad Abu Aziz (Quds Feed Network) foram mortos enquanto cobriam ofensiva ao Complexo Médico Nasser, em Khan Younis
Israel atacou na manhã desta segunda-feira (25/08) o Complexo Médico Nasser, na cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. A ofensiva matou ao menos 20 pessoas, entre elas cinco jornalistas que estavam cobrindo o local, de acordo com o Guardian.
Segundo autoridades de saúde palestinas, um drone suicida atingiu o telhado do hospital, um dos maiores em Gaza. Minutos depois, enquanto equipes de resgate, jornalistas e civis corriam para socorrer os feridos, um novo ataque aéreo atingiu o mesmo local.
O Gabinete de Imprensa do Governo de Gaza confirmou as mortes de Ahmed Abu Aziz, da Quds Feed Network; Hussam al-Masri, fotojornalista da agência Reuters; Mohammed Salama, cinegrafista da Al Jazeera; Moaz Abu Taha, jornalista da rede americana NBC; e Mariam Abu Daqqa, freelancer que trabalhava para veículos como The Independent Arabic e Associated Press.
No momento do ataque, al-Masri transmitia imagens ao vivo do hospital. A Reuters informou que a transmissão foi abruptamente interrompida quando o drone atingiu o telhado. Testemunhas afirmaram à Al Jazeera que segundo investida teve como alvo justamente aqueles que tentavam prestar socorro e registrar o impacto da explosão inicial.
244 jornalistas assassinados
“Os colegas jornalistas foram martirizados quando a ocupação israelense cometeu um crime horrível ao bombardear um grupo de jornalistas que estavam em uma missão de cobertura de imprensa no Hospital Nasser, na província de Khan Younis, e muitos mártires foram vítimas desse crime”, declarou o governo de Gaza, em nota.
Em comunicado, as autoridades locais afirmaram que o número de jornalistas mortos desde o início da guerra subiu para 244. “Consideramos a ocupação israelense, a administração dos EUA e os países participantes do crime de genocídio, como o Reino Unido, a Alemanha e a França, totalmente responsáveis por cometer esses crimes hediondos e brutais”, acrescenta a nota.
A morte dos jornalistas ocorre dias após o ataque israelense contra uma tenda da imprensa próxima ao Hospital al-Shifa, em 11 de agosto, quando cinco profissionais da Al Jazeera e um jornalista freelancer foram mortos.
Não é a primeira vez que o Hospital Nasser é diretamente atingido. Estruturas médicas e equipes de imprensa têm sido alvos recorrentes desde o início da ofensiva militar israelense, levantando críticas sobre violações do direito internacional humanitário, que protege profissionais de saúde e jornalistas em zonas de conflito.

Número de jornalistas mortos desde o início da guerra subiu para 244
Mohamed Hinnawi/ UNRWA – Wikimedia Commons
‘Sem palavras’
Em comunicado, um porta-voz da Reuters disse que a agência está “devastada” com as mortes de seus profissionais e “buscando mais informações urgentemente”. A nota também pede ajuda às autoridades em Gaza e Israel para obter assistência médica urgente para o fotógrafo Hatem Khaled, ferido no ataque.
A Al Jazeera Media Network pediu “pressão internacional e ação imediata contra ataques sistemáticos e assassinatos de seus jornalistas à vista de todo o mundo”.
“O sangue dos nossos jornalistas martirizados em Gaza ainda não secou antes que as forças de ocupação israelenses cometessem outro crime contra o cinegrafista da Al Jazeera, Mohammed Salama, junto com outros três fotojornalistas”, afirmou a agência.
A morte dos quatro profissionais provocou indignação entre colegas palestinos, que semanalmente lamentam a perda de companheiros de redação. “É mais um dia muito difícil para os jornalistas. Perdemos quatro colegas da Al Jazeera nas últimas semanas e os palestinos ainda estão de luto e sofrendo pelos jornalistas novamente hoje”, disse Hind Khoudary, repórter da agência catari baseada em Gaza.
Segundo Khoudary, os hospitais se transformaram em uma das poucas bases seguras para jornalistas no território. Ela salientou que o ataque desta manhã ocorreu duas vezes no mesmo lugar. Após o ataque ao hospital, as equipes de defesa civil foram resgatar os feridos e os jornalistas documentar o ocorrido, “então, as forças israelenses atacaram o mesmo local novamente”.
“Outro ataque aéreo no mesmo local exato, e isso foi documentado no ar. Jornalistas que cobriam [o episódio] foram mortos e feridos. E também as equipes de Defesa Civil que tentavam resgatar os corpos dos mortos também foram mortas”, relatou, ao acrescentar: “pela primeira vez, estamos ficando sem palavras; nossos colegas foram mortos ao vivo, no ar”.























