Sábado, 6 de dezembro de 2025
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As Forças de Defesa de Israel (IDF, por sua sigla em inglês) continuam com ataques contra a Faixa de Gaza, regiões da Cisjordânia e subúrbios ao sul de Beirute. Na madrugada desta quinta-feira (10/10), os ataques no Líbano incluíram três posições das Forças Interinas das Nações Unidas (Unifil) instaladas na fronteira, nas quais dois soldados foram feridos e permanecem hospitalizados.

Os locais atingidos que abrigam as forças de paz incluem a base principal da entidade em Naqoura e posições próximas que foram “repetidamente atingidas”. A Unifil destacou que, nos últimos dias, foram observadas incursões de Israel na região e em outras áreas onde soldados israelense entraram em confronto com integrantes do Hezbollah.

De acordo com a emissora catari Al Jazeera, um comunicado oficial da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL) informou que os dois soldados da paz ficaram feridos quando um tanque israelense disparou contra uma torre de observação na sede do grupo da ONU em Naqoura.

A Unifil recusou a atender a ordem dos militares israelenses para desocupar bases perto da fronteira e apontou o episódio como uma grave violação do direito internacional e da resolução 1701 do Conselho de Segurança. O órgão debaterá situação do país nesta quinta-feira.

Outra posição que foi alvo dos soldados israelenses ocorreu em Labbouneh: a entrada do do bunker onde os soldados da paz estavam abrigados foi atingida, danificados veículos e um sistema de comunicação. Um drone das forças israelenses foi observado dentro da posição da ONU até a entrada do local.

Ainda assim, a entidade relembrou as IDF e a todos os envolvidos das “suas obrigações de garantir a segurança do pessoal e da propriedade da ONU e de respeitar a inviolabilidade das instalações da ONU em todos os momentos”.

Evacuações e mais bombardeios

Em Deir al Ba, no centro de Gaza, a infraestrutura médica voltou a ser alvo do Exército de Israel, que bombardeou novamente o Hospital Martires de Aqsa, deixando seis mortos. Um abrigo escolar, que também foi atacado, resultou em 28 mortos e 54 feridos, entre os quais mulheres e crianças que foram.

Os feridos da escola eram levados à pé ao Hospital Al-Aqsa, que já funciona precariamente desde que foi bombardeado em março deste ano. Um repórter da Al Jazeera mostrava o caos diante do hospital e descrevia o forte cheiro de carne queimada das vítimas que chegavam. Ainda segundo a emissora, ao menos outros 160 abrigos já foram bombardeados

O Exército israelense também ordenou a evacuação de três hospitais no norte de Gaza, mas a Organização Mundial de Saúde (OMS) denunciou que a remoção dos pacientes foi impedida.

Por conta desses e outros episódios, a ONU concluiu uma investigação que acusa Israel de crime de “extermínio” pela destruição do sistema de saúde de Gaza. Divulgado nesta quinta (10/10), o relatório da ex-alta comissária da ONU para os Direitos Humanos Navi Pillay denuncia o Estado israelense de “ataques implacáveis ​​e deliberados a pessoal e instalações médicas”.

@idfonline / Reprodução
Exército israelense mantém ataques contra hospitais na Faixa de Gaza

E, ao que tudo indica, a mesma política israelense de extermínio se repete no Líbano onde mais de uma centena de profissionais médicos foram assassinados no último ano e o número cresce rapidamente. Um socorrista declarou à Al Jazeera: “estamos claramente marcados, somos os primeiros a responder e estamos sendo alvos”.

Segundo a emissora, cinco paramédicos libaneses foram mortos nos últimos ataques e cerca de 40 centros médicos da linha de frente, no Líbano, foram obrigados a fechar porque o bombardeio israelense chegou perto dos hospitais ou clínicas.

Jornalistas também são alvos prioritários do Exército israelense, ao menos 128 já morreram no primeiro ano de guerra.

Possível cessar-fogo?

A despeito de tudo isso, nada de concreto relativo a um cessar-fogo foi discutido na quarta-feira (09/10) na conversa entre o presidente norte-americano Joe Biden e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que foi acompanhada pela vice-presidente Kamala Harris.

Biden “condenou inequivocamente” o ataque de mísseis do Irã contra Israel, feitos em retaliação pelos assassinatos dos principais líderes do Hezbollah e do Hamas, reafirmou o direito de Israel se defender, enfatizando a necessidade de minimizar danos aos civis.

Com relação à Gaza, discutiram a necessidade de libertar reféns, e Biden mencionou o imperativo humanitário de reabrir o corredor da Jordânia para restaurar o acesso ao norte.

Em Gaza, pelo menos 42.065 pessoas foram mortas e 97.886 ficaram feridas em ataques israelenses desde outubro de 2023.

(*) Com ONU News.