Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Em nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou nesta quarta-feira (24/07) que o governo brasileiro decidiu se retirar da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), onde atuava como membro observador desde 2021. Procurado pela imprensa, o Itamaraty ainda não se pronunciou sobre a questão.

“A decisão do Brasil de se juntar à ofensiva jurídica contra Israel na CIJ, ao mesmo tempo em que se retira da IHRA, é uma demonstração de uma profunda falha moral. Numa época em que Israel luta por sua própria existência, voltar-se contra o Estado judeu e abandonar o consenso global contra o antissemitismo é imprudente e vergonhoso”, afirmou a chancelaria israelense em postagem na plataforma X.

O comissário da Organização dos Estados Americanos (OEA) para o Monitoramento e Combate ao Antissemitismo, Fernando Lottenberg, classificou como “um equívoco” a saída do país da IHRA, em meio à tensão diplomática com Israel.

“É possível criticar as atitudes e a conduta do governo israelense no conflito em Gaza, assim como pode haver discordâncias diplomáticas. Esses fatos, contudo, em nada têm relação com o trabalho da IHRA, de grande relevância”, afirmou na plataforma X.

Ele destacou que o país tem a segunda maior comunidade judaica da América Latina. “Estar integrado à IHRA é uma forma de mostrar comprometimento com a cultura de paz e com a promoção da educação sobre o Holocausto e o combate ao antissemitismo. A decisão do governo brasileiro é um equívoco”, reiterou.

Procurado, Itamaraty não confirmou, nem negou a informação; na terça-feira (22/07), país anunciou entrada no processo da CIJ contra Israel pelo genocídio perpetrado em Gaza
Jaber Jehad Badwan / Wikipedia Commons

Adesão ao processo contra Israel

A informação da chancelaria israelense chega após o anúncio da entrada do Brasil no processo em curso na Corte Internacional de Justiça (CIJ) das Nações Unidas, movido pela África do Sul, contra genocídio perpetrado por Israel na Palestina.

Em nota divulgada nesta terça-feira (22/07), o Itamaraty declarou que o Brasil está na “fase final para submissão de intervenção formal no processo”, além de afirmar que a comunidade internacional não pode permanecer “inerte diante das atrocidades em curso”.

O governo brasileiro destaca que Israel descumpriu a Convenção do Genocídio das Nações Unidas durante sua ofensiva militar na Faixa de Gaza. E cita o agravamento da situação humanitária e as violações sistemáticas de Direitos Humanos e Humanitário no Estado da Palestina.

“A decisão fundamenta-se no dever dos Estados de cumprir com suas obrigações de Direito Internacional e Direito Internacional Humanitário frente à plausibilidade de que os direitos dos palestinos de proteção contra atos de genocídio estejam sendo irreversivelmente prejudicados, conforme conclusão da Corte Internacional de Justiça, em medidas cautelares anunciadas em 2024”, diz a nota.