Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O jornal israelense Haaretz revelou na última quinta-feira (21/08) que o governo de Benjamin Netanyahu patrocinou uma turnê para 10 influenciadores com grande alcance em plataformas de mídia social, levando-os aos postos de distribuição de ajuda no enclave palestino – estes, coordenados pela controversa Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), apoiada por Israel e pelos Estados Unidos. 

A excursão, articulada pelo Ministério para Assuntos da Diáspora de Israel, faz parte de uma campanha sionista que tem como objetivo, segundo a pasta, “revelar a verdade” sobre as condições humanitárias do povo palestino, em meio a relatos de ataques a requerentes de ajuda e mortes por fome. 

Entre os participantes, incluem-se Xaviaer DuRousseau, um jovem influenciador republicano que possui mais de um milhão de seguidores no Instagram, Facebook e TikTok; o druso israelense Marwan Jaber, de 16 anos, que tem quase 250 mil seguidores no Instagram; o norte-americano Jeremy Abramson, que mora em Israel, com mais de 450 mil seguidores no Instagram; a advogada declaradamente conservadora de Miami, Brooke Goldstein, que possui 150 mil seguidores no Facebook, X e Instagram; e os influenciadores israelenses Shiraz Shukrun e David Mayofis.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, até esta terça-feira (26/08), o número total de requerentes de ajuda mortos chegou a 2.140 desde 27 de maio, quando a GHF passou a operar no enclave. Já as fatalidades relacionadas à fome subiram para 303, incluindo 117 crianças. Nas publicações, os influenciadores financiados por Israel mentem que os palestinos não passam fome e endossam a narrativa sionista de suposto desvio de alimentos por parte do Hamas. 

“Vocês podem me odiar por ir ver a verdade o quanto quiserem, isso não mudará os fatos. Israel NÃO é a razão pela qual muitos palestinos estão morrendo de fome”, escreveu DuRousseau em uma postagem. “Vocês, antissemitas do refeitório, querem fingir que se importam com a luta de Gaza, vão lá e se voluntariem para distribuir a comida!”

O jovem republicano também publicou uma foto de si vestido com equipamento militar de proteção, com a legenda  “Israel NÃO está bloqueando a entrada de alimentos em Gaza”.

Por sua vez, sem provas, a advogada Goldstein acusou que a entrega de comida, antes da implementação da GHF, estava sendo entregue pela pela Agência da ONU para Assistência a Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) “diretamente nas mãos dos terroristas do Hamas”, acrescentando que “o que a mídia está relatando sobre a situação [em Gaza] é absolutamente falso”.

O druso israelense Jaber gravou um vídeo gritando aos funcionários da ONU em Gaza: “que vergonha por não fazerem nada!”

No início deste mês, uma reportagem do Haaretz informou que o Ministério das Relações Exteriores de Israel canalizou dezenas de milhares de dólares para trazer influenciadores dos EUA para Israel. O jornal apurou que o financiamento flui através da organização pró-assentamentos Israel365, que tenta reforçar o apoio evangélico a Israel e que recebeu o contrato sem licitação devido à sua “posição única para transmitir uma postura pró-Israel que se alinha inteiramente com a agenda ‘MAGA’ [“Make America Great Again”, slogan de Trump] e America First”.

Ainda de acordo com o Haaretz, as turnês de influenciadores ocorrem comumente quando os jovens eleitores norte-americanos simpatizantes ao Partido Republicano se distanciam do apoio a Israel. Segundo uma pesquisa feita pela Pew Research Center, em março deste anos, apenas 48% dos republicanos com menos de 50 anos tinham uma visão positiva do regime sionista.