Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Nas últimas 24 horas, pelo menos 105 palestinos foram vítimas do ataque israelense na Faixa de Gaza e 530 ficaram feridos. Entre os mortos, sete foram baleados enquanto aguardavam ajuda nos centros de distribuição controlados pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF) próximo a Rafah. O aumento de vítimas se soma à grave  escassez de combustível, crucial para o funcionamento dos hospitais que se encontram à beira do colapso.

Mohammed Abu Salmiya, diretor do Complexo Médico Al-Shifa, o maior hospital da Faixa de Gaza, afirmou à Al Jazeera que a instituição está prestes a encerrar totalmente suas atividades devido à escassez crítica de combustível provocada pelo bloqueio imposto por Israel. “A situação de saúde em Gaza está entrando em colapso”, alertou.

O exército israelense restringe severamente o envio de combustível, permitindo apenas quantidades mínimas, o que ele classifica como uma tática desumana para manter o sistema de saúde em constante crise. “Durante semanas, alertamos sobre a escassez de combustível. Agora, estamos em estado de emergência. Se nenhum combustível chegar, os geradores falharão e os hospitais não poderão fornecer nenhum tratamento”, afirmou.

Unidades essenciais como bancos de sangue, incubadoras e postos de oxigênio já pararam de funcionar. O hospital está sem eletricidade e os setores mais críticos enfrentam iminente colapso. “A qualquer momento, o hospital pode parar de funcionar”, declarou. “Os pacientes e os feridos enfrentarão a morte certa” se não houver uma entrega urgente de combustível.

Ala de emergência do Complexo Médico Al-Shifa em 11 de outubro de 2023
WAFA / Wikimedia Commons

Ponto crítico

O escritório humanitário das Nações Unidas (OCHA) alertou que a crise de combustível em Gaza chegou a um “ponto crítico”, e que isso ameaça provocar ainda mais mortes e sofrimento.

Segundo o OCHA, o combustível necessário para manter funções vitais — como usinas de dessalinização de água, UTIs hospitalares e ambulâncias — está se esgotando, e “praticamente nenhum estoque adicional está acessível”.

“Os hospitais estão racionando. As ambulâncias estão paradas. Os sistemas de água estão à beira do abismo”, disse o escritório das Nações Unidas em comunicado. “As mortes que isso provavelmente está causando podem aumentar drasticamente em breve, a menos que as autoridades israelenses permitam a entrada de novo combustível – com urgência, regularidade e em quantidades suficientes”, alertou.

O Ministério da Saúde de Gaza confirmou o agravamento da crise médica diante da obstrução ao fornecimento de combustível. Em nota, o órgão advertiu que o suprimento atual só dura mais um dia, e que a ausência de combustível nas próximas horas resultará em “uma grande tragédia”.

O ministério também apelou a organizações internacionais e entidades de direitos humanos para que atuem imediatamente, rompam o bloqueio e cumpram seu dever de proteger o sistema de saúde em colapso.

Outras unidades

Em Khan Younis, o diretor de enfermagem do Complexo Médico Nasser, Dr. Mohammed Saqr afirmou à Al Jazeera que as cenas diárias que enfrenta na unidade hospitalar “se assemelham aos horrores do dia do juízo final”.

“Às vezes, em apenas meia hora, recebemos mais de 100 a 150 casos, variando de ferimentos graves a mortes… Cerca de 95% desses ferimentos e mortes vêm dos centros de distribuição de alimentos – os chamados ‘centros de distribuição de alimentos americanos’”, afirmou.

Ele contou que todas as camas estão ocupadas e que eles estão sendo forçados a tratar os feridos que chegam no chão do departamento de emergência. “A maioria dessas lesões são ferimentos de bala no tórax e na cabeça… Pacientes [estão] chegando com pernas e braços amputados”, detalhou.

Já o hospital de campanha do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), também localizado em Rafah, afirmou em comunicado que, em pouco mais de um mês, o número de pacientes tratados superou o total registrado em todos os eventos de vítimas em massa durante o ano anterior inteiro”. Foram mais de 2.200 feridos por armas de fogo e mais de 200 mortes.

“Entre os feridos estão crianças pequenas, adolescentes, idosos, mães – e, em sua maioria, homens e meninos jovens. A maioria diz que estava apenas tentando conseguir comida ou ajuda para suas famílias”, destacou o CICV.

Com Al Jazeera, The Guardian, Tasnim Agency News