Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O Hamas reafirmou nesta quinta-feira (16/10) o compromisso com o acordo de cessar-fogo mediado por Catar, Egito e Estados Unidos e defendeu o início imediato da reconstrução de Gaza, devastada por dois anos de guerra.

Em comunicado televisionado, o líder do grupo na Cisjordânia ocupada, Zahir Jabbarin, afirmou que “o movimento está comprometido com a implementação do acordo, que garante a cessação da guerra, a proteção de nosso povo contra ataques e o início da reconstrução”.

Ele alertou que este momento representa “um verdadeiro teste para o mundo” e pediu que a comunidade internacional cumpra sua promessa de garantir a criação do Estado da Palestina e a libertação de todos os prisioneiros palestinos.

“Não aceitamos nenhuma tutela internacional sobre nosso povo”, acrescentou Jabbarin, ao defender o reconhecimento do direito palestino à autodeterminação e à criação de um Estado independente.

Restos mortais

O Hamas declarou a intenção de devolver todos os corpos dos reféns que permanecem em Gaza e justificou o atraso, afirmando necessitar de equipamentos especializados para recuperar restos mortais sob os escombros.

“O processo de devolução dos corpos dos prisioneiros israelenses pode levar tempo, já que alguns desses corpos foram enterrados em túneis destruídos pela ocupação, enquanto outros permanecem sob os escombros de prédios bombardeados e demolidos”, declarou o grupo palestino.

A Turquia enviou 81 especialistas da Autoridade de Gerenciamento de Desastres e Emergências (AFAD) para ajudar nas buscas em Gaza, mas eles ainda não entraram no território.

Segundo fonte ouvida pelo The Jerusalem Post, nesta quinta-feira, “Israel continua se recusando a permitir a entrada da equipe de resgate, até que o Hamas devolva todos os restos mortais dos reféns falecidos que puder”.

Israel impôs o prazo até a próxima terça-feira (28/10) para que o  grupo devolva todos os corpos, sob risco de retomada da ofensiva na região.

Hamas reafirma compromisso com cessar-fogo e pede reconhecimento do Estado palestino
Agência Wafa

Ajuda humanitária é insuficiente

A passagem de Rafah, na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, permanecerá fechada para a entrada de ajuda humanitária, apesar de pressões internacionais, afirmou o Ministério da Defesa de Israel. A informação contradiz a fala do chanceler israelense Gideon Sa’ar. Ele afirmou que a passagem “provavelmente será reaberta neste domingo (19/10)”.

O Ministério da Defesa sustenta que o acordo de cessar-fogo mediado por Catar, Egito e EUA não inclui a utilização de Rafah para o envio de suprimentos, limitando o ponto de travessia ao trânsito de pessoas autorizadas. Por conta disso, a assistência humanitária continua concentrada na passagem de Kerem Shalom, onde caminhões são submetidos a longas filas e rigorosas inspeções israelenses antes de entrar no enclave.

A ONU e agências internacionais denunciam que a ajuda permanece insuficiente. Segundo a UNRWA, “um quilo de tomate que antes custava 60 centavos agora custa 15 dólares — se for encontrado”, e famílias inteiras ficaram sem renda após a destruição das terras agrícolas.

Agências humanitárias alertam que a fome e as doenças infecciosas estão fora de controle. Hanan Balkhy, diretora regional da OMS, destacou que apenas 13 dos 36 hospitais de Gaza funcionam parcialmente.

O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou que as forças israelenses estão marcando a chamada “linha amarela”, limite de recuo das tropas sob o acordo. Segundo ele, “qualquer violação ou tentativa de cruzar a linha será recebida com fogo”.