Hamas procurou apoio do Irã e Hezbollah para executar o ataque de 7 de outubro, diz NYT
Jornal norte-americano afirma ter tido acesso a atas de ‘10 reuniões secretas’ entre lideranças do grupo palestino no planejamento da ‘ofensiva surpresa’ contra Israel
Um dos principais estrategistas e responsáveis pelas operações do Hamas, o novo líder do gabinete político do grupo palestino Yahya Sinwar procurou o respaldo de seus aliados, Irã e Hezbollah, para a execução do ataque de 7 de outubro de 2023 contra Israel.
A informação foi revelada pelo jornal norte-americano The New York Times neste sábado (12/10), que afirmou ter tido acesso as “atas das reuniões secretas do Hamas” que teriam sido “apreendidas pelos militares israelenses”.
Segundo o veículo, Sinwar teria reunido os principais comandantes do Hamas ao longo de dois anos para articular um ataque surpresa que pudesse desestabilizar o regime sionista. A reportagem afirma que a autoridade do movimento de resistência palestino tentava “persuadir” grupos pró-Palestina para, “ao menos”, se comprometerem com uma luta mais ampla contra Israel caso organizasse um ofensiva na fronteira.
“Os documentos, que representam um avanço na compreensão do Hamas, também mostram esforços extensivos para enganar Israel sobre suas intenções, enquanto o grupo preparava o terreno para um ataque ousado e uma conflagração regional que Sinwar esperava que fizesse Israel ‘colapsar’”, afirma o Times.
Os documentos obtidos pelo jornal consistem em atas de “10 reuniões secretas” realizadas por um “pequeno grupo de líderes políticos do Hamas”, em que se planejava uma ofensiva que seria posteriormente lançada em 7 de outubro de 2023. As atas incluem “30 páginas com detalhes não divulgados anteriormente sobre a maneira como a liderança do Hamas trabalha e os preparativos para seu ataque”.
De acordo com as estratégias do movimento palestino citadas pelo Times, o Hamas previa executar o que chamavam de “o grande projeto” no outono de 2022, mas ele teria sido adiado enquanto o grupo tentava solidificar uma contribuição do Irã e do Hezbollah.
“Enquanto preparavam argumentos direcionados ao Hezbollah, os líderes do Hamas disseram que a ‘situação interna’ de Israel — uma aparente referência à turbulência sobre os planos contenciosos do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para reformar o judiciário — estava entre as razões pelas quais eles foram ‘compelidos a avançar em direção a uma batalha estratégica’”, diz a reportagem.

X/UNRWA
Após a contraofensiva do Hamas no 7 de outubro de 2023, tropas israelenses intensificaram suas operações militares no território palestino
O Times também revela que, em julho de 2023, o Hamas enviou um alto funcionário ao Líbano, ocasião na qual teria se encontrado com um comandante iraniano sênior e solicitado ajuda para atacar os pontos estratégicos de Israel. O comandante iraniano, por sua vez, teria ressaltado que o Irã e o Hezbollah apoiam o grupo palestino, mas que precisavam de “mais tempo para se preparar”.
Os documentos também apontam que o Hamas planejou discutir o ataque em uma reunião subsequente com Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah na época, que foi assassinado no fim de setembro por Israel.
Embora contasse com o apoio de seus aliados, o Hamas teria chegado à conclusão sobre a necessidade de prosseguir com o projeto antissionista sem o envolvimento integral deles, uma vez que verificou a possibilidade de que as forças de ocupação israelense pudessem ganhar tempo para implantar um novo sistema de defesa aérea antes do ataque surpresa.
As atas também apontam que um dos fatores decisivos que teriam motivado o 7 de outubro de 2023 foi a intenção de interromper os esforços para normalizar as relações entre Israel e a Arábia Saudita, o fortalecimento da ocupação israelense da Cisjordânia e os esforços israelenses para exercer maior controle sobre o complexo da mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém.
“O Hamas evitou deliberadamente grandes confrontos com Israel por dois anos a partir de 2021, a fim de maximizar a surpresa do ataque de 7 de outubro. Como os líderes viram, eles ‘devem manter o inimigo convencido de que o Hamas em Gaza quer calma’”, afirma o Times.























