Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O representante do Hamas, Fawzi Barhoum, disse nesta terça-feira (07/10) que a delegação do grupo militante palestino, atualmente em negociações no Egito sobre o plano de Donald Trump, busca superar todos os obstáculos para chegar a um acordo que ponha fim à guerra.

A primeira rodada de negociações em Gaza entre o Hamas e os mediadores terminou no Egito “em meio a uma atmosfera positiva”, informou a mídia estatal egípcia na manhã de terça-feira. A Al-Qahera News, vinculada à inteligência do país, informou que os diálogos continuarão no mesmo dia, também entre o Hamas e os mediadores na cidade turística de Sharm El-Sheikh, para onde uma delegação israelense seguiu na segunda-feira.

O plano do líder norte-americano exige que o grupo de resistência devolva todos os 48 reféns — dos quais cerca de 20, segundo Israel, ainda estariam vivos —, abra mão do poder e se desarme. Em contrapartida, seriam libertadas centenas de prisioneiros palestinos, aumentaria a ajuda humanitária e teriam fim os ataques de Israel. No entanto, a proposta aceita pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não abre caminho para a criação de um Estado palestino.

Uma das principais condições do Hamas desde o início do conflito tem sido a retirada total de Israel de Gaza em troca da libertação dos reféns restantes. Embora a facção palestina tenha indicado disposição para abrir mão da autoridade administrativa, tem descartado consistentemente o desarmamento.

Nesta primeira fase de negociações, mediadores egípcios e catarianos trabalham com ambas as partes para preparar as condições para a libertação dos 48 reféns israelenses restantes, mantidos em Gaza, em troca de 1.700 prisioneiros palestinos detidos em prisões israelenses, e para determinar a data de uma trégua temporária.

Pessoas deslocadas montaram suas barracas na praia de Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, em uma tentativa de escapar dos bombardeios israelenses

Pessoas deslocadas montaram suas barracas na praia de Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, em uma tentativa de escapar dos bombardeios israelenses
WAFA

Delegações

Uma delegação dos EUA, liderada pelo enviado presidencial Steve Witkoff, participará de negociações por uma trégua em Gaza e pela troca de reféns e prisioneiros na quarta-feira (08/10), afirmou o ministro das Relações Exteriores do Egito, Badr Abdelatty. Em coletiva de imprensa conjunta com seu homólogo alemão, Johann Wadephul, Abdelatty declarou que “tiveram uma longa conversa com Steve Witkoff, que é esperado no Egito nas próximas horas”.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed al-Ansari, foi citado pela agência de notícias AFP afirmando que Israel deveria ter cessado seus ataques a Gaza, em conformidade com o plano de Donald Trump para encerrar a guerra. “Aguardamos os resultados das negociações nos próximos dias sobre o cessar-fogo. Esta pergunta deve ser dirigida primeiramente ao governo de ocupação israelense. Era para realmente cessar fogo se as declarações feitas pelo primeiro-ministro sobre a adesão ao plano de Trump fossem verdadeiras”, disse al-Ansari em Doha.

Em entrevista à Al Jazeera, ele confirmou que a proposta feita pelos líderes árabes e muçulmanos aos EUA foi modificada por Israel antes de ser apresentada ao mundo pelo presidente Trump. “Acredito que o primeiro-ministro do Catar confirmou que houve uma proposta que foi alterada por Israel”, declarou o porta-voz Majed al-Ansari. “Algumas das observações foram adotadas, outras não.” As tensões permanecem altas entre o Catar e Israel após um ataque israelense que visou a liderança do Hamas no mês passado.

Ataques continuam

Ataques israelenses mortais prosseguem na Faixa de Gaza enquanto o conflito atinge a marca de dois anos e ocorrem discussões por um cessar-fogo no enclave. Pelo menos 104 pessoas foram mortas em Gaza pelas forças israelenses desde sexta-feira (03/10), data em que Trump pediu a Israel que interrompesse sua campanha de bombardeios.

A guerra de Israel em Gaza matou pelo menos 67.173 pessoas e feriu 169.780 desde outubro de 2023. Acredita-se que milhares estejam soterradas sob os escombros. Um total de 1.139 pessoas foram mortas em Israel durante os ataques de 7 de outubro de 2023, e cerca de 200 foram feitas reféns.