Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Segundo o porta-voz do Hamas, Ismail Al-Thawabta, as 90 pessoas mortas pelas tropas de Israel durante a invasão ao Al-Shifa, maior hospital da Faixa de Gaza, na segunda-feira (18/03), eram “pacientes feridos e pessoas deslocadas” que se abrigavam dentro do hospital, contrariando a versão israelense de que seriam “terroristas” eliminados.

“O exército de ocupação israelense pratica a mentira e o engano ao divulgar sua narrativa como justificativa por crimes contínuos que violam o direito internacional e o direito humanitário internacional”, disse Al-Thawabta à agência de notícias britânica Reuters nesta quarta-feira (20/03)

A declaração do Hamas acontece no mesmo dia em que as Forças Armadas de Israel admitiram que 90 pessoas foram mortas durante a invasão ao complexo hospitalar. No entanto, segundo o comunicado do exército, todas as vítimas seriam “terroristas”.

Ainda segundo o balanço de Israel, outros “300 suspeitos foram interrogados e 160 presos”, ainda alegando que “operaram no hospital evitando danos aos pacientes, funcionários e equipamentos”.

O posicionamento israelense não é contradito apenas pelo grupo palestino Hamas, mas também por testemunhas.

Em entrevista ao canal catari Al Jazeera, o cirurgião norueguês Mads Gilbert, ex-funcionário do Al-Shifa, compartilhou relatos de seus colegas presentes no complexo hospitalar durante a invasão israelense.

Motasem A Dalloul/Twitter
Pessoas deslocadas utilizam hospital para abrigo em meio à guerra

Ele disse que a equipe médica foi presa e deixada durante horas no frio e que o exército de Israel registrou seus rostos com uma câmera e os levou para o que ele descreveu como “investigações humilhantes”.

“Alguns foram obrigados a deixar o hospital e levados para lugares desconhecidos. Outros foram deslocados para o sul, seminus”, disse Gilbert. “Um médico levou um tiro no peito quando seguiu as ordens para deixar o hospital e mais tarde foi submetido a uma cirurgia no Hospital Al-Ahli Arab”.

Gilbert disse que em seus “ataques repetidos”, o exército israelense não diferencia “entre combatentes e equipe médica, pacientes e refugiados”.

Como resultado da operação de segunda-feira, o Hospital al-Shifa deixou novamente de funcionar, segundo o médico, colocando em risco a vida dos palestinos no norte de Gaza.

Apesar das constantes alegações sobre unidades de saúde serem utilizadas pelos militantes do Hamas, o grupo palestino Hamas e a equipe médica do Al-Shifa negam que o hospital seja usado para fins militares ou para abrigar combatentes.

(*) Com Brasil de Fato