Hamas apela por protestos globais para acabar com ‘crime de fome’ em Gaza
111 mortes foram registradas decorrentes de desnutrição; civis relatam que Israel está matando por bombas e inanição
O Hamas fez um apelo nesta quarta-feira (23/07) por protestos, manifestações e “marchas furiosas” em todo o mundo, nos dias 25, 26 e 27 de julho, “até que o cerco israelense seja quebrado e a fome termine” na Faixa de Gaza.
“As pessoas estão morrendo de fome e desnutrição. A fome mortal está presente nos rostos de crianças, mães e idosos, em meio a um silêncio global suspeito e à ausência de qualquer ação que chegue à escala da catástrofe”, disse o grupo palestino em comunicado.
“Que os próximos dias sejam um grito retumbante diante da ocupação [israelense] e uma vergonha para os silenciosos […] Que o mundo inteiro grite: ‘Pare com o crime de fome'”, acrescentou.
Nas últimas 24 horas, o Ministério da Saúde de Gaza registrou 10 novas mortes decorrentes de fome e desnutrição, elevando o número total de fatalidades por esse motivo para 111. A maioria das vítimas são crianças.
A emissora catari Al Jazeera informou que o palestino Ahmed al-Hassnat, cuja condição começou a se deteriorar há três meses após o bloqueio total de Israel, faleceu nesta quarta.
“Ahmed sofria de desnutrição grave. Nos últimos quatro meses, Gaza não recebeu comida suficiente”, relatou seu primo, Refat al-Hassnat, ao veículo. “Ele não tinha acesso a comida adequada, água potável ou mesmo remédios básicos. Israel está nos matando com bombas ou nos matando de fome”.

Nas últimas 24 horas, o Ministério da Saúde de Gaza registrou 10 novas mortes decorrentes de fome e desnutrição, elevando o número total de fatalidades por esse motivo para 111
Ahmed Jihad Ibrahim Al-arini/Anadolu/Getty Images
Palestinos ‘caem mortos’ de fome
À Al Jazeera, Mara Bernasconi, gerente regional de comunicação da Humanity & Inclusion UK, uma ONG britânica que possui equipes ativas em Gaza, declarou que o enclave está no “nível máximo de fome” e que seus habitantes estão começando a “cair mortas”.
Ao veículo, incluiu os trabalhadores humanitários no grupo de vítimas que experimentam “morte, fome, deslocamento, perigo” ao longo de 21 meses de genocídio israelense.
“Eles são incrivelmente corajosos e fortes e, nos últimos meses, serviram pessoas necessitadas enquanto tentavam sobreviver, mas também estão entrando em colapso”, disse.
De acordo com Bernasconi, a crise humanitária em Gaza está se deteriorando diariamente “porque é permitido pela impunidade e inação” e classificou o cenário como um “pesadelo sem fim”.























