Hamas aceita parte de plano para Gaza e diz estar pronto para negociar
Grupo palestino concorda em libertar todos reféns e gestão de um governo tecnocrático no enclave, mas exigiu 'esclarecimentos'
O grupo palestino Hamas respondeu nesta sexta-feira (03/10) ao plano de paz em Gaza, apresentado pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump, concordando em libertar todos os refugiados israelenses, vivos e mortos. Por outro lado, o movimento solicitou esclarecimentos em certos parágrafos da proposta.
“Neste contexto, o movimento afirma sua prontidão para iniciar imediatamente negociações por meio de mediadores para discutir os detalhes deste acordo“, disse o grupo em um comunicado.
Segundo a emissora catari Al Jazeera, as principais reticências do grupo palestino são acerca da administração internacional de Gaza. O grupo, na verdade, concordou em entregar a gestão de Gaza a um órgão independente de tecnocratas palestinos, mas que operará “com base no consenso nacional palestino e com o apoio dos países árabes e islâmicos”.
“Outras questões mencionadas na proposta do presidente Trump sobre o futuro da Faixa de Gaza e os direitos legítimos do povo palestino estão conectadas a uma posição nacional unificada e às leis e resoluções internacionais relevantes”, afirma o comunicado.
De acordo com a posição, “o futuro de Gaza – o futuro de toda a luta – será deixado ao consenso palestino”, de modo que uma resposta final à proposta precisa de “um consenso palestino mais amplo”, na qual a resistência garantiu que “participará e contribuirá de forma responsável” — contrariando o fim da participação do grupo na Palestina, de acordo com o que propõe Trump.

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rajatonvimma / VJ Group Random Doctors / Wikimedia Commons
O grupo classificou sua resposta como “um esforço para deter a agressão e a guerra de extermínio travadas contra o povo fiel na Faixa de Gaza, e com base na responsabilidade nacional e na preocupação com os fundamentos, direitos e interesses supremos do povo palestino”.
A resposta foi dada após “consultas aprofundadas dentro de suas instituições de liderança, amplas consultas com forças e facções palestinas e consultas com mediadores e amigos”.
Aos mediadores, o Hamas elogiou os esforços de Trump pelo “fim da guerra na Faixa de Gaza, a troca de prisioneiros, a entrada imediata de ajuda humanitária, a rejeição da ocupação da Faixa de Gaza e o deslocamento do nosso povo palestino”.
Por sua vez, Washington havia ameaçado que o Hamas sofreria “consequências muito graves” caso não aceitassem o acordo e deu prazo que iria até o início da noite de domingo (05/10) para um resposta final. “O Hamas tem a oportunidade de aceitar este plano e avançar de forma pacífica e próspera na região. E se não o fizerem, as consequências, infelizmente, serão muito trágicas”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt.
Plano de Trump
A proposta de paz norte-americana menciona a criação de uma zona “desradicalizada”, livre de grupos armados e que não representará mais uma ameaça aos seus vizinhos, exigindo o desarmamento do Hamas e demais resistências palestinas. Contudo, a resposta do grupo não deixou clara sua posição quanto à exigência, sendo um dos pontos que os mediadores ainda devem negociar.
Outro ponto que ainda deve ser debatido, e não foi abordado pelo comunicado do Hamas, é a proposta de anistia oferecida pelo plano aos militantes do grupo que concordarem com as condições. O texto ainda cita que Tel Aviv não ocupará ou anexará o enclave e estabelece a libertação dos reféns israelenses e de milhares de palestinos presos.
O plano de paz de Trump já recebeu aval do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que, no entanto, repetiu que “não aceitará a criação de um Estado da Palestina”.
(*) Com Ansa e RT en español.























