Sábado, 6 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

O Comitê de Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (ESPP-PUC-SP) rechaçou o posicionamento da Fundação São Paulo (FUNDASP), mantenedora da instituição, que hasteou na manhã desta quinta-feira (05/06) as bandeiras da Palestina e Israel na fachada da sede da organização.

“Na mesma semana em que o projeto colonial israelense segue em seu morticínio, com relatos de disparos contra a população faminta em momento de busca por ajuda humanitária“, disse o grupo pró-Palestina.

Leia mais | Professores da PUC-SP repudiam definição de antissemitismo adotada pela universidade

Em uma postagem no Instagram, a FUNDASP anunciou que hasteou as bandeiras nesta manhã alegando ser um gesto de solidariedade “com o sofrimento dos palestinos e judeus em Gaza”. A fundação disse ainda que acredita na “solução dos dois Estados, no cessar fogo imediato e na reconstrução de Gaza para os palestinos”. 

“Lembremo-nos: somos todos humanos! A dor que sinto, o outro sente igualmente!”, afirmou a mantenedora da PUC que fechou os comentários da postagem. Ainda segundo a FUNDASP, as bandeiras ficaram hasteadas até esta sexta-feira (06/06).

Para o comitê, o posicionamento é de “cinismo e cumplicidade” ao expor a bandeira Palestina ao lado “daquela que representa o Estado que pratica o seu genocídio, em curso atualmente”.

“Convocamos todos aqueles solidários a causa do povo palestino a comparecerem em nossas atividades, demarcando o posicionamento do corpo estudantil da PUC-SP em relação a conivência que Fundação tem mantido com o sionismo”, afirmou o grupo.

Durante o ato, o movimento estudantil pedirá pelo rompimento da FUNDASP com o lobby sionista, a retirada da definição da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) do protocolo antidiscriminatório e o rompimento de relações da universidade e da mantenedora com Israel.

“A FUNDASP está fingindo compaixão enquanto se coloca ao lado de um Estado genocida”, denunciou o comitê.

FUNDASP hasteia bandeiras da Palestina e Israel

FUNDASP hasteia bandeiras da Palestina e Israel
Reprodução / @fundacaosaopaulo

Perseguição na PUC-SP

Em novembro de 2024, os professores do curso de relações internacionais, Bruno Huberman e Reginaldo Nasser, foram acusados e afastados por suposto caso de antissemitismo. Na época, Nasser falou a Opera Mundi que a denúncia não teve muitas explicações, “apenas falaram que é antissemitismo e pronto”. Após análise, a resolução sobre o caso decidiu que os docentes não cometeram tais práticas.

Já em março de 2025 aconteceu outro episódio de xenofobia e islamofobia, com pichações no banheiro da faculdade: “hora de limpar RI (Relações Internacionais) PUC não é pra árabe. A PUC é nossa. A reitoria é nossa”. O ato foi condenado pela Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) e a Reitoria da universidade apurou o caso.

O curso de RI vem denunciando perseguições contra quem critica as ações militares do Estado de Israel contra Gaza. Estudante do curso alegaram que há esse tipo de conduta dentro do programa de pós-graduação San Tiago Dantas. O programa é uma parceria público-privada que já dura 23 anos e “viabiliza a formação de mestres e doutores em parceria com a Universidade de Campinas (Unicamp) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp)”.

No início do mesmo mês, os mestrandos e doutorandos revelaram que suas matrículas foram desligadas, os docentes envolvidos foram notificados sobre a redução da carga horária e dos salários referentes aos cursos. Em maio, através de um comunicado pelo Instagram, a Reitoria da PUC-SP confirmou a volta da manutenção ao San Tiago Dantas e alegou que “sempre esteve favorável à manutenção e à renovação desse Programa”.