Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O total de mortes pelo uso da fome como arma de guerra subiu para 154 pessoas, informou nesta terça-feira (30/07) o Ministério da Saúde em Gaza, ao anunciar mais 7 falecimentos por inanição nesta manhã. 89 do total de vítimas são crianças.

O Euro-Med Humans Rights Monitor também alertou nesta manhã para um “aumento sem precedentes” do número de mortes entre idosos na região. Em publicação na plataforma X, a agência destaca que sua equipe de campo documentou dezenas de mortos desse segmento da população em campos de refugiados, devido à fome, desnutrição ou falta de assistência médica.

“Muitas dessas mortes foram registradas como causas naturais, devido à ausência de um mecanismo claro de denúncia dentro do Ministério e à tendência das famílias de enterrar seus entes queridos imediatamente”, afirma o comunicado.

Nesta terça-feira (30/07), o número de mortos pelos ataques de Israel em Gaza ultrapassaram 60 mil, informou a autoridade de saúde. “Isso é uma em cada 36 pessoas em Gaza. São mais de 90 pessoas todos os dias”, sintentiza a agência de notícias Al Jazeera ao relatar o “marco sombrio” na região.

‘Espetáculo’

De Gaza, o repórter da emissora Hani Mahmoud contou que após quatro dias do anúncio de Israel da abertura do corredor humanitário, o consenso entre a população local é de que “tudo o que está acontecendo [em relação à ajuda humanitária] nos últimos quatro dias foi apenas um espetáculo”.

Nenhum desses caminhões de ajuda está indo para as áreas designadas ou pessoas necessitadas. A grande maioria das pessoas fica sem acesso adequado aos alimentos e, portanto, recorre a outras alternativas, muitas vezes perigosas ou até mortais, como ir à área de Zikim, por exemplo, esperando a chegada de caminhões, ou aos centros de distribuição nas partes sul e central da Faixa”, denuncia.

Uso da fome como arma de guerra por Israel já matou 154 palestinos em Gaza
UNRWA

Ataques

Além da fome, os ataques continuam. Desde o amanhecer, 16 pessoas foram mortas, 13 buscavam comida nos centros de ajuda ao norte de Rafah, de acordo com o Hospital Nasser, sediado em Khan Younis.

Enquanto isso, as forças israelenses lançaram uma campanha com larga escala de incursões e prisões em várias áreas da Cisjordânia ocupada. 18 palestinos foram presos nesta manhã em Hebron, Nablus e Salfit, segundo um comunicado do Escritório de Mídia de Prisioneiros Palestinos (ASRA).

Al Jazera também informa que colonos israelenses estão usando o complexo da Mesquita de Al-Aqsa, na Jerusalém Oriental ocupada, para realizar rituais religiosos sob a proteção da polícia israelense. Durante décadas, judeus e outros não-muçulmanos puderam visitar o complexo durante horários específicos, mas sem permissão de realizar rituais religiosos.

Conivência global

Em entrevista a Al Jazeera, Jamil Sawalmeh, diretor da ActionAid Palestina, fez uma contundente crítica à comunidade global: “eles permitiram que isso acontecesse”.

Sabemos que a ajuda está sendo bloqueada. Sabemos que uma quantidade significativa de ajuda se acumulou nas travessias e, infelizmente, é bastante chocante ver que a comunidade global permitiu que isso acontecesse por causa da impunidade e da falta de interesse no engajamento político para forçar Israel a cumprir suas obrigações sob o direito internacional”, afirmou.

“Eles permitiram que isso acontecesse”, acrescentou, a destacar que “o mundo tem que agir neste momento, tem que haver ação, tem que haver sanções, e tem que haver ações significativas tomadas pela comunidade internacional e pelo espaço da UE para responsabilizar Israel por suas obrigações sob o direito internacional”.