Domingo, 7 de dezembro de 2025
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Os principais jornais franceses desta terça-feira (14/11) abordam a situação catastrófica dos hospitais da Faixa de Gaza, entre eles Al-Shifa, o maior do enclave. Cercado pelas forças israelenses, sem água ou energia elétrica, pacientes morrem no local pela impossibilidade de receberem cuidados médicos ou serem retirados. 

“Um alvo impensável” é a manchete do jornal Libération que estampa sua capa com uma foto da fachada Al-Shifa, alvo de bombardeios israelenses nos últimos dias. A matéria explica que Tel Aviv alega que o hospital serve de base para o grupo Hamas, supostamente armazenando material bélico e servindo de abrigo a terroristas. Ao mesmo tempo, além de doentes, o estabelecimento acolhe cerca de 8 mil pessoas que se refugiaram no local, no norte do enclave, além de 3 mil pacientes, funcionários e médicos.

Hospitais da cidade de Gaza se transformam em necrotérios” é o título de uma reportagem do jornal Le Figaro. Segundo o Ministério da Saúde palestino, é insuportável o cheiro de putrefação no hospital Al-Shifa, onde centenas de corpos de vítimas estariam apodrecendo pela impossibilidade de serem sepultados. 

O diário destaca que esse não é o único hospital a sofrer as consequências da guerra: o Al-Qods, da organização humanitária Crescente Vermelho palestino, parou de funcionar no último domingo (12/11). Outros centros de saúde, como a Clínica Sueca, dentro do Centro de Refugiados de Al-Shati, e o hospital Al-Mahdi, foram bombardeados. Além do comprometimento de suas estruturas, médicos e enfermeiros também morreram nos ataques, reitera o texto.   

“Em Gaza, o direito à vida foi extinto” é a manchete do jornal La Croix, que reproduz o testemunho do jornalista Mohamed Mhawish, correspondente do canal Al-Jazeera na capital do enclave. Apesar da dificuldade de contato com moradores do local, o diário conseguiu reunir relatos enviados por aplicativo de conversa WhatsApp que retratam o horror da guerra e a falta de perspectiva das pessoas. 

O fotógrafo Motaz Azaiza diz ao La Croix ter visto corpos enrolados em cobertores e empilhados no hospital Al-Shifa, pela impossibilidade das famílias realizarem funerais. Uma família que partiu em direção ao sul do enclave preferiu levar consigo o cadáver do seu bebê que morreu no trajeto. “A morte ronda e chega a cada instante”, diz o impresso, salientando o cálculo da médica palestina Samah Jaber, segundo o qual, uma pessoa morre a cada cinco minutos na Faixa de Gaza.

Cercado pelas forças israelenses, sem água ou eletricidade, pacientes morrem no maior hospital de Gaza pela impossibilidade de receberem cuidados médicos ou serem retirados

Nações Unidas/Twitter

Hospital Al-Shifa também acolhe cerca de 8 mil pessoas que se refugiaram no local

EUA: Biden pede “ações menos intrusivas” de Israel

O presidente norte-americano Joe Biden pediu a Israel na segunda-feira (13/11) que proteja o principal hospital de Gaza, perto do qual estão ocorrendo combates entre o exército israelense e os combatentes do Hamas.

“Espero e conto com uma ação menos intrusiva no hospital”, disse ele na Casa Branca, quando perguntado pelos repórteres se ele havia discutido o assunto com os líderes israelenses. “O hospital deve ser protegido”, pronunciou.

O presidente dos EUA ainda acrescentou que um acordo para a “libertação de prisioneiros” ainda estava sendo negociado com a ajuda do Catar.

De acordo com um cirurgião da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), centenas de pessoas estão presas no hospital Al-Shifa em condições “desumanas”. Israel insiste que o Hamas instalou sua infraestrutura em uma rede de túneis sob o hospital de Al-Shifa, mas o Hamas nega.

O prédio foi transformado em uma zona de guerra, enquanto os médicos e as organizações humanitárias estão alarmados com o destino de milhares de civis e pacientes.

“Corredor” de evacuação

Israel, que está ordenando que a população abandone as zonas de guerra, anunciou que um “corredor” de evacuação permaneceria em vigor para permitir que os civis deixassem o hospital de Al-Shifa, ao mesmo tempo em que admitiu que a área era palco de “intensos combates”.

A força israelense vem atacando incessantemente a Faixa de Gaza desde que os comandos do Hamas lançaram um ataque em seu solo em 7 de outubro, e vem conduzindo uma operação terrestre desde 27 de outubro com o objetivo de “exterminar” o movimento islâmico.

Do lado israelense, cerca de 1.200 pessoas foram mortas, de acordo com as autoridades, a grande maioria delas civis mortos no dia do ataque, em uma escala e com uma violência nunca vistas desde a criação de Israel em 1948.

Na Faixa de Gaza, os bombardeios israelenses mataram 11.240 pessoas desde 7 de outubro, a maioria delas civis, incluindo 4.630 crianças, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas.