Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Três bebês palestinos morreram de hipotermia no campo de refugiados de al-Mawasi, no sul de Gaza, nos últimos dias, enquanto as temperaturas despencam e o bloqueio israelense de alimentos, água e suprimentos essenciais de inverno continua.

A agência da ONU para refugiados da Palestina (Unrwa) disse na terça-feira (24/12) que 14.500 crianças palestinas foram mortas por Israel na Faixa de Gaza, desde outubro do ano passado, significando, em média, um assassinato a cada 60 minutos.

Ahmed al-Farra, diretor da ala infantil do Hospital Nasser em Khan Younis, confirmou a morte de Sila Mahmoud al-Faseeh, de três semanas, na quarta-feira (25/12), acrescentando que outros dois bebês, com três dias e um mês, foram levados ao hospital nas últimas 48 horas após morrerem de hipotermia.

“Ela estava com boa saúde e nasceu naturalmente, mas por causa do frio severo nas tendas houve uma diminuição significativa na temperatura que fez seu sistema corporal parar de funcionar e levou à sua morte”, disse al-Farra, referindo-se à morte de Sila em uma entrevista à Al Jazeera.

Mahmoud al-Faseeh, pai do bebê Sila, disse que a família estava vivendo em “más condições” em sua tenda em al-Mawasi, uma área de dunas e terras agrícolas na costa mediterrânea de Gaza, perto da cidade de Khan Younis, no sul.

Al-Mawasi foi designada como uma “zona segura”, mas foi atacada repetidamente nos últimos 14 meses da ofensiva israelense.

“Dormimos na areia e não temos cobertores suficientes e sentimos frio dentro de nossa tenda”, disse. “Só Deus conhece nossas condições. Nossa situação é muito difícil.”

A tenda da família não estava selada contra o vento e o chão estava frio, com temperaturas na terça-feira à noite caindo para 9 graus Celsius. O bebê acordou chorando três vezes durante a noite. De manhã, seus pais a encontraram sem resposta, seu corpo rígido, “como madeira”, disse al-Faseeh em outra entrevista à agência de notícias The Associated Press.

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Ele levou o bebê às pressas para o Hospital Nasser, mas já era tarde demais para reanimá-la. O Dr. Munir al-Bursh, diretor-geral do Ministério da Saúde em Gaza, disse que o bebê Sila “congelou até a morte devido ao frio extremo”, destacando que o local havia sido declarado uma “zona humanitária segura temporária para pessoas deslocadas” pelos militares israelenses.

O bombardeio e a invasão terrestre de Gaza por Israel mataram mais de 45 mil palestinos, mais da metade deles mulheres e crianças.

A ofensiva causou destruição generalizada e deslocou cerca de 90% dos 2,3 milhões de moradores da Faixa, muitas vezes várias vezes.

Centenas de milhares estão amontoados em acampamentos de tendas ao longo da costa enquanto o inverno frio e chuvoso se instala.

Grupos de ajuda têm lutado para entregar alimentos e suprimentos e dizem que há escassez de cobertores, roupas quentes e lenha. “Este é um exemplo gritante das consequências desta guerra injusta e seu impacto sobre o povo da Faixa de Gaza”, disse al-Farra.

(*) Com Brasil de Fato.