Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O anúncio do presidente francês, Emmanuel Macron, de que a França reconhecerá oficialmente o Estado da Palestina em setembro de 2025, durante a Assembleia Geral da ONU, provocou uma onda imediata de reações na comunidade internacional. A decisão, apresentada na quinta-feira (24/07) como parte de um plano mais amplo pela paz no Oriente Médio, foi recebida com entusiasmo por autoridades palestinas e duramente criticada por Israel e pelos Estados Unidos.

Em mensagem nas redes sociais, Macron justificou a medida como um gesto histórico, fundamentado no “compromisso da França com uma paz justa e duradoura entre israelenses e palestinos”. Em sua declaração, destacou a necessidade urgente de um cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza, da libertação de todos os reféns, da desmilitarização do Hamas, da reconstrução do território palestino e do reconhecimento mútuo entre Israel e Palestina. O presidente francês afirmou ainda que o reconhecimento será acompanhado de pressões diplomáticas para que outros países europeus façam o mesmo.

Elogios e repúdio

A Autoridade Palestina elogiou a iniciativa francesa, considerando-a um passo coerente com o direito internacional e com os princípios da autodeterminação. O Hamas também celebrou o gesto, descrevendo-o como uma “etapa importante” na busca por justiça e soberania para o povo palestino. Para o grupo extremista islâmico, a decisão da França deve servir de exemplo a outras nações ocidentais.

Por outro lado, a reação israelense foi imediata e contundente. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu classificou a decisão como uma “recompensa ao terrorismo”, argumentando que ela fortalece o Hamas e compromete os esforços por uma paz verdadeira.

Em entrevista concedida na manhã desta quinta-feira (25/07) à rádio pública France Info, o embaixador de Israel em Paris, Joshua Zarka, reforçou a posição do governo israelense. Ele afirmou que a declaração de Macron é “totalmente irresponsável do ponto de vista moral e diplomático”, e advertiu que ela “encoraja o Hamas a permanecer no poder”. Zarka também criticou a ideia de construir um Estado palestino em meio à guerra atual, alegando que isso enfraquece os moderados palestinos e reforça os extremistas.

Macron diz que França reconhecerá Palestina como Estado na próxima assembleia da ONU

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Crozet / Pouteau

“Propaganda para o Hamas”

Nos Estados Unidos, o secretário de Estado Marco Rubio também condenou a decisão francesa. Para ele, o reconhecimento serve como propaganda para o Hamas e atrapalha os esforços diplomáticos conduzidos pelos EUA e por parceiros árabes. Rubio chamou o anúncio de “irresponsável” e de “afronta à memória das vítimas dos ataques de 7 de outubro de 2023”.

Na União Europeia, as reações foram variadas. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, convocou uma reunião de emergência com os líderes da França e da Alemanha para discutir a situação humanitária em Gaza e avaliar os próximos passos rumo a uma solução negociada. Já o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, elogiou Macron, afirmando que é preciso proteger o processo de paz dos esforços do governo israelense para enfraquecer a solução de dois Estados na região.

França dividida

Na França, o anúncio de Macron dividiu a classe política. Partidos de esquerda, como a França Insubmissa (LFI), comemoraram a decisão e exigiram que o reconhecimento não seja apenas simbólico, mas acompanhado de medidas concretas em apoio à Palestina.

O líder de esquerda radical Jean-Luc Mélenchon e a deputada Mathilde Panot (LFI) pressionaram o governo a tomar medidas urgentes diante da crise humanitária em Gaza. Por outro lado, setores da centro-direita e da extrema direita criticaram Macron por agir de maneira unilateral e precipitada, acusando-o de legitimar o Hamas, que lidera o governo no enclave palestino desde 2007.

Com a decisão de Macron, a França se torna a maior potência ocidental a anunciar o reconhecimento do Estado da Palestina, juntando-se a mais de 142 países que já o fizeram, segundo levantamento da AFP.