França reconhece Estado da Palestina na ONU: ‘chegou o momento da paz’
Macron realizou declaração às vésperas da 80ª Assembleia Geral; Austrália, Canadá e Reino Unido fizeram mesmo no dia anterior
O governo da França anunciou oficialmente nesta segunda-feira (22/09) o reconhecimento do Estado da Palestina. A decisão foi anunciada pelo presidente Emmanuel Macron às vésperas de 80ª Assembleia da ONU.
“Declaro que a França reconhece hoje o Estado da Palestina“, afirmou Macron durante a Conferência para a implementação da solução de dois Estados e a resolução pacífica da questão da Palestina, coorganizada por Paris e Riade. “Chegou o momento”, disse.
Em um discurso que buscou equilíbrio, mesmo com mais de 60 mil mortos em Gaza, Macron pediu o fim definitivo dos ataques de Israel contra a Faixa de Gaza, afirmando que “nada justifica a continuação da guerra”, ao mesmo tempo em que reiterou seu apelo ao movimento palestino Hamas para que liberte os 48 reféns que ainda mantém presos desde sua ofensiva em 7 de outubro de 2023 em Israel, o que ele descreveu como uma “ferida que ainda está aberta”.
Nesse sentido, o presidente francês disse que o reconhecimento “é a solução que permitirá a paz para Israel”, ao mesmo tempo falou em uma “derrota” para o Hamas e a “todos aqueles que incitam o ódio antissemita”.
“Esse reconhecimento abre o caminho para uma negociação útil tanto para israelenses quanto para palestinos. Esse caminho é o do plano de paz e segurança para todos que a Arábia Saudita e a França submeteram à votação desta Assembleia, que o aprovou por ampla maioria”, afirmou.
O governo de Macron já havia anunciado a intenção de reconhecer o Estado da Palestina, abrindo caminho para uma iniciativa semelhante de outros países ocidentais.
Neste domingo (21/09), Austrália, Canadá, Reino Unido e Portugal anunciaram a mesma medida. Esta é a primeira vez que os países do G7 tomam tal decisão em favor do Estado palestino.
Agora, mais de 140 outros membros da ONU reconhecem a Palestina, um número que continua a crescer em meio ao choque crescente com o massacre de Israel na Faixa de Gaza.
Em resposta à nova rodada de reconhecimentos, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu prometeu uma resposta direta. “Tenho uma mensagem clara para os líderes que estão reconhecendo um Estado palestino após o horrível massacre de 7 de outubro: vocês estão recompensando o terrorismo com um prêmio enorme”, disse, ameaçando que “não haverá Estado palestino a oeste do Rio Jordão”.
Bandeiras palestinas hasteadas
Mais cedo, cerca de 50 cidades francesas hastearam a bandeira da Palestina antes de Macron anunciar o reconhecimento do Estado palestino pela França.
Ao meio-dia (horário local), 52 municípios, de um total de 34.875, aderiram à ação simbólica, desobedecendo a determinação do ministro do Interior, Bruno Retailleau, que alegou que o ato fere o princípio de neutralidade dos serviços públicos, segundo o Le Monde.
Já em Paris, a prefeita Anne Hidalgo optou por projetar as bandeiras da Palestina e de Israel na Torre Eiffel, com a bandeira da paz entre elas. A capital francesa “reafirma seu compromisso com a paz, que mais do que nunca exige uma solução de dois Estados” e “expressa sua solidariedade a todas as vítimas civis palestinas e israelenses”, afirmou Hidalgo nas redes sociais.
A projeção de ambas as bandeiras levou polêmica. Jean-Luc Mélenchon, líder da La França Insubmissa, chamou a iniciativa de “estupidez terrível” e acusou o Partido Socialista de “trair todos de uma vez”.
(*) Com RT.























