Gaza: mais de 130 palestinos foram mortos nas últimas 24 horas
Tanques israelenses avançaram em Deir al-Balah, principal centro de esforços humanitários no território palestino
Tanques israelenses avançaram nas áreas sul e leste da cidade de Deir al-Balah, o principal centro de esforços humanitários no território palestino devastado, nesta segunda-feira (21/07). Pelo menos três palestinos foram mortos e vários estão feridos.
Oito casas e três mesquitas foram atingidas e dezenas de famílias foram obrigadas a se deslocar para a área costeira e para as proximidades de Khan Younis, onde outro ataque matou pelo menos cinco pessoas nesta manhã.
Somados os ataques desde o amanhecer deste domingo (20/07), a ofensiva israelense contra a população civil levou à morte de 132 pessoas. Entre as vítimas, 94 aguardavam alimentos nos centros de ajuda humanitária.
De acordo com a Assessoria de Imprensa do Governo da Faixa de Gaza, desde 27 de maio, 995 pessoas foram mortas e mais de 6 mil ficaram feridas em ataques israelenses nos falsos centros de distribuição de ajuda, controlados por Israel e pelos Estados Unidos.
O uso da fome é outra arma usada por Israel. Apenas nas últimas 24 horas, 18 pessoas morreram. Autoridades palestinas alertaram nas últimas semanas “a fome atingiu níveis catastróficos” o que coloca em risco imediato a vida de 650 mil crianças menores de 10 anos e de 60 mil gestantes que estão sem nutrição adequada.
Estima-se que 6 mil bebês estejam em estado de desnutrição aguda, sem qualquer possibilidade de tratamento adequado devido à destruição dos serviços médicos e ao bloqueio de suprimentos.
US$ 100 por farinha
Em publicação no X, a agência da ONU, UNRWA, garantiu que “há comida disponível a apenas alguns quilômetros de distância. Só a UNRWA tem estoque suficiente disponível fora de Gaza para toda a população pelos próximos 3 meses. Não temos permissão para trazer nenhuma ajuda desde 2 de março. É necessária vontade política. A inação é cumplicidade e nos faz perder a humanidade”, afirmou a agência.
O representante do Programa Mundial de Alimentos na Palestina, Antoine Renard, disse à Al Jazeera que o desespero frente à fome, “faz com que as pessoas estejam dispostas a arriscar suas vidas apenas para receber qualquer ajuda que chegue a Gaza. Só para se ter uma ideia, [o preço de] 1 kg de farinha está atualmente em US$ 100”.

“Há comida disponível a apenas alguns quilômetros de distância”, afirma UNRWA
Reprodução X / @UNLazzarini
Dezenas de palestinos foram mortos enquanto esperavam a chegada de um comboio de 25 caminhões do Programa Mundial de Alimentos (PMA) nesta manhã. “À medida que o comboio se aproximava, a multidão ao redor foi alvo de tiros de tanques israelenses, atiradores de elite e outros tipos de armas de fogo”, contrariando promessas de segurança feitas por autoridades israelenses para o transporte de suprimentos, informou o PMA, em comunicado.
Em junho, a mídia israelense revelou, com base em relatos de soldados, que comandantes do exército haviam ordenado o uso de munição real contra palestinos reunidos nos pontos de distribuição. Tanto o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu quanto o ministro da Defesa Israel Katz negaram a acusação.
Protestos acontecem na Tunísia, Iraque, Turquia, Marrocos, Líbano e Ramallah, na Cisjordânia ocupada, pedindo o fim imediato dos bombardeios e a abertura de corredores humanitários para conter a crise.
Com The Guardian, TeleSur e Al Jazeera.























