Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O professor de Educação Física, militante do PSOL e educador popular da Rede Emancipa, Nicolas Calabrese, foi deportado para a Turquia neste sábado (04/10), segundo comunicado da Flotilha Global Sumud (GFS). Ele é o primeiro brasileiro a ser libertado por Israel e também cidadão argentino e italiano.

Calabrese saiu do país em voo pago pelo consulado italiano em Israel. Ainda não há informações sobre quando ele retornará ao Brasil. Ele estava no avião turco que partiu de Tel Aviv neste sábado (04/10) levando 137 ativistas de diversos países, entre Turquia, Itália, Estados Unidos, Reino Unido, Kuwait, Argélia, Tunísia, Marrocos, Mauritânia, Líbia, Jordânia, Suíça, Bahrein e Malásia.

A organização Adalah, que presta assistência jurídica aos participantes da missão humanitária, informa que não houve qualquer comunicação oficial sobre novas deportações. Os demais 12 brasileiros continuam detidos pelas forças de Israel, após a interceptação de mais de 40 embarcações entre quarta-feira (01/10) e sexta-feira (03/10).

Quatro entre eles, os ativistas Thiago Ávila, João Aguiar, Bruno Gilga e Ariadne Telles permanecem em greve de fome em protesto contra as condições de detenção. Segundo a nota, o protesto é uma forma de resistência não violenta, usada historicamente por pessoas privadas de voz e poder.

“Nossos ativistas foram sequestrados em águas internacionais, impedidos de levar ajuda humanitária a Gaza e colocados em uma prisão isolada no deserto. A greve de fome é a única forma que têm de se manifestar”, diz o texto.

Flotilha: ativista brasileiro Nicolas Calabrese é deportado para a Turquia
Reprodução Instagram / @niconiqito

Obstrução de informações

A Adalah vem denunciando a ausência de transparência por parte das autoridades israelenses, apontando-a como uma estratégia deliberada de obstrução, que visa dificultar o trabalho das equipes jurídicas e impedir o acompanhamento das deportações. “A falta de informação e a condução arbitrária dos processos mostram o desrespeito às garantias legais e aos direitos humanos mais básicos”, diz a organização.

Nesta sexta-feira (03/10), seus advogados se reuniram com cerca de 80 participantes da Flotilha durante audiências realizadas sem aviso prévio. Segundo o grupo, aproximadamente 200 audiências ocorreram entre a noite de quinta e a manhã de sexta-feira, sem a presença de defesa legal.

As audiências continuam neste sábado na Prisão de Ktziot, onde centenas de ativistas permanecem detidos ilegalmente. Nas últimas 24 horas, advogados da Adalah se encontraram com 331 participantes do GSF no Porto de Ashdod.

Os ativistas detidos relataram maus-tratos e agressões cometidas por guardas prisionais israelenses. Muitos afirmaram não ter recebido comida desde a captura, além de terem seus medicamentos retidos pelas autoridades. Há também denúncias sobre a falta de água potável, descrita como “imprópria e de má qualidade”.

A Adalah exige a libertação imediata dos ativistas, a devolução dos suprimentos de ajuda humanitária e continua as visitas às prisões para salvaguardar seus direitos.