Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Em vitória acachapante, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) aprovou o fim do convênio com a Universidade de Haifa, de Israel. Foram 46 votos a favor do rompimento, contra apenas quatro contrários, além de quatro abstenções, em votação que ocorreu na tarde desta quinta-feira (23/10).

A decisão é uma resposta às denúncias de graves violações de direitos humanos cometidos pelo Estado de Israel contra a população palestina. O relatório que embasou a decisão destacou o papel da Universidade de Haifa em programas militares e de segurança israelenses.

Além disso, o documento também destaca a sistemática destruição das universidades e escolas palestinas em Gaza. Em junho deste ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um relatório em que indicou que as forças israelenses, a partir de ataques aéreos, bombardeios, incêndios e demolições controladas, danificaram ou destruíram mais de 90% das escolas e prédios universitários em Gaza. A comissão internacional classificou as ações como crimes de guerra e de extermínio contra a humanidade.

“Foi uma vitória da ética sobre a omissão”, afirmou João Conceição, representante discente da Comissão de Cooperação Internacional da FFLCH. “A universidade pública brasileira não pode ser cúmplice de quem transforma o conhecimento em instrumento de guerra. A FFLCH deu um passo histórico e a USP deve seguir o mesmo caminho”, completa.

Com a decisão, a FFLCH torna-se a primeira unidade da USP a romper oficialmente um convênio com uma instituição israelense. A medida agora será encaminhada ao Conselho Universitário da USP, com recomendação de extensão do rompimento a todos os convênios da universidade com instituições israelenses envolvidas com políticas de apartheid e ocupação.

Em setembro deste ano, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) havia anunciado o rompimento do acordo de cooperação com o Instituto Tecnológico Technion, de Israel, também como forma de protesto ao genocídio na Faixa de Gaza. O convênio entre Unicamp e Technion tinha como objetivo fomentar a cooperação acadêmica.

No mês seguinte, o Conselho Universitário da Universidade Federal do Ceará (UFC) aprovou o rompimento do programa de intercâmbio com a a Universidade Ben-Gurion, de Israel. Em nota, a instituição justificou a medida por conta da “grave crise humanitária e o genocídio praticado pelo Estado israelense contra o povo palestino, em especial na Faixa da Gaza”.