Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Os Estados Unidos vetaram nesta quinta-feira (18/09) a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que exigia um “cessar-fogo imediato, incondicional e permanente” na Faixa de Gaza.

A proposta, elaborada pelos dez membros eleitos do órgão, recebeu 14 votos favoráveis e apenas um contrário, o dos EUA. É a sexta vez que o país recorre ao veto desde o início do genocídio do povo palestino perpetrado por Israel, há quase dois anos de bombardeios e ataques.

A resolução solicitava a suspensão de todas as restrições de Israel à entrega de ajuda humanitária para a população palestina, além da libertação incondicional dos reféns israelenses mantidos pelo Hamas.

A resolução avançava em relação a versões anteriores, ao destacar a situação “catastrófica” em Gaza, onde a ofensiva israelense já matou, segundo autoridades de saúde palestinas, ao menos 65 mil pessoas, incluindo mais de 18 mil crianças e 12 mil mulheres.

O veto

Ao justificar o voto, a enviada especial dos EUA para o Oriente Médio, Morgan Ortagus, afirmou que “os Estados Unidos rejeitam esta resolução inaceitável. Já é mais do que hora de o Hamas libertar cada um dos reféns e se render imediatamente. Os Estados Unidos continuarão trabalhando com seus parceiros para pôr fim a este conflito horrível”.

Oragus disse que “a resolução não reconhece a realidade sobre o terreno, o fato de que houve um aumento significativo do fluxo de ajuda humanitária”. E chegou a contestar a declaração oficial de fome da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar, apoiada pela ONU, no mês passado, afirmando o emprego de uma “metodologia falha”. A entidade denunciou que mais de 500 mil pessoas se encontravam em situação “catastrófica de fome” na região.

A enviada da Casa Branca ainda saudou o trabalho dos centros fortemente militarizados da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), onde mais de mil palestinos permanecem constantemente alvejados por soldados israelenses enquanto buscam comida para suas famílias.

O veto dos EUA ocorre após o Conselho de Direitos Humanos concluir oficialmente que Israel comete genocídio em Gaza, com a intenção de eliminar o povo palestino.

EUA vetam resolução da ONU por cessar-fogo imediato em Gaza
Agência Wafa

‘O mundo está assistindo’

O embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, lamentou a decisão americana, chamando-a de “profundamente lamentável” por impedir que o Conselho “cumpra seu papel diante de atrocidades e proteja civis em face do genocídio”.

“Infelizmente, o Conselho permanece em silêncio a um grande custo para sua credibilidade e autoridade (…)Isso demonstra que, quando se trata de crimes de atrocidade, o uso do veto simplesmente não deve ser permitido”, afirmou.

Ao povo palestino, o representante da Argélia no Conselho, Amar Bendjama, pediu perdão ao povo palestino. “Perdoe-nos, porque este Conselho não pôde salvar seus filhos – mais de 18.000 deles foram mortos por Israel. A história não pesará nossos discursos; vai pesar nossas ações. Vergonha do desamparo. Vergonha diante do genocídio que se desenrola diante de nossos olhos abertos”, afirmou.

Já o representante do Paquistão, Asim Iftikhar Ahmad, descreveu o veto como um “momento sombrio nesta câmara”. E alertou: “o mundo está assistindo. Os gritos das crianças devem perfurar nossos corações”.

A China também se manifestou acusando os Estados Unidos de abusar de seu poder de veto. “Repetidas vezes, o Conselho de Segurança tentou agir apenas para ser bloqueado à força pelos Estados Unidos”, disse o representante chinês, Fu Chong.