Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O projeto impulsionado pelo governo dos Estados Unidos para a reconstrução da Faixa de Gaza pode levar a que Israel se aproprie de uma parte do território, ao mesmo tempo em que aprofunda o apartheid imposto ao povo palestino na região.

Esse é o cenário descrito em uma reportagem exclusiva publicada nesta sexta-feira (14/11) pelo jornal britânico The Guardian, que revela os planos norte-americanos para criar diferentes zonas de influência em Gaza.

Segundo a matéria, a ideia é estabelecer uma “zona verde”, que será controlada por forças militares israelenses e internacionais, e que seria separada da “zona vermelha”, para onde seria levada toda a população palestina sobrevivente do genocídio iniciado em outubro de 2023.

O plano de Washington prevê a reconstrução de áreas apenas na “zona verde”, que seria protegida por soldados de Israel e de países que aceitem participar das chamadas Forças Internacionais de Estabilização (ISF, por sua sigla em inglês).

De acordo com o jornal britânico, os Estados Unidos consultaram os governos da Alemanha, da Holanda e de países nórdicos sobre seu interesse em participar das ISF e lidar com hospitais de campanha, logística e inteligência em Gaza.

Na versão do projeto que o The Guardian teve acesso, as forças internacionais atuariam somente na “zona verde”, sob a administração israelense, e não na “zona vermelha”, onde ficaria toda a população palestina.

Abrigo improvisado para palestinos na Faixa de Gaza
WAFA

Ademais, seria estabelecida uma “linha amarela” para afastar as duas zonas, e esse trecho seria ocupado inteiramente por militares de Israel, sem a presença das ISF.

Após a entrada em vigor do acordo de cessar-fogo, em outubro deste ano, a população palestina sobrevivente do genocídio em Gaza passou a ficar abrigada nas chamadas Comunidades Seguras Alternativas (ASC, por sua sigla em inglês), construídas de forma improvisada por organizações humanitárias para servir como campos de refugiados.

‘Nem guerra, nem paz’

A reportagem do The Guardian também mostra que organizações humanitárias e entidades ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU) que atuam no local têm expressado suas preocupações sobre o modelo ASC e a falta de perspectivas para estabelecer melhores condições aos palestinos sobreviventes.

O jornal trouxe o depoimento de um trabalhador de entidade humanitária que questionou a situação criada a partir do acordo imposto pelos Estados Unidos, dando a entender que não há um cessar-fogo real e que os ataques israelenses seguem acontecendo, só que em menor escala.

“Não é mais guerra, mas também não é paz”, foram as palavras da pessoa entrevistada, cuja identidade foi preservada.

Com informações do The Guardian.