Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reuniram-se nesta segunda-feira (15/09) em Tel Aviv. O encontro se deu no mesmo o dia em que o genocídio cometido por Israel na Faixa de Gaza matou ao menos 37 palestinos desde o amanhecer, incluindo três em decorrência de fome severa.

A reunião entre o chefe da diplomacia do governo de Donald Trump e Netanyahu durou três horas, tendo como foco a situação na Faixa de Gaza, incluindo a ofensiva israelense para tomar a Cidade de Gaza, a maior cidade do território devastado pelo genocídio, e os ataques de Israel ao Hamas no Catar, realizado na última semana.

Durante o encontro, Netanyahu disse que Trump é o “maior amigo” que Israel já teve na Casa Branca, e a visita de Rubio “é uma mensagem clara de que os Estados Unidos apoiam Israel”.

Já Rubio declarou que “o povo de Gaza merece um futuro melhor, mas isto não pode ocorrer até que o Hamas seja eliminado”, prometendo “um apoio inabalável” do governo de Trump para que “Israel atinja seus objetivos” no enclave palestino.

“Cada refém [israelense] deve retornar para casa imediatamente e o Hamas deve ser eliminado como grupo armado”, acrescentou.

Ataque israelense ao Catar

Apesar dos gestos entre os dois aliados, o governo Trump estaria descontente com o bombardeio promovido por Israel no Catar na última terça-feira (09/09). O país é aliado de Washington, sede da maior base aérea norte-americana na região, e atua, ao lado dos EUA e do Egito, como mediador entre Israel e Hamas no atual conflito.

“Obviamente, não estamos felizes com isso. O presidente [Trump] não ficou feliz. Agora temos que seguir em frente e averiguar o que vai acontecer em seguida”, disse Rubio a jornalistas antes de viajar para Israel.

No último domingo (14/09), Trump disse que o Catar “tem sido um grande aliado” o que leva à necessidade de “todos serem cuidadosos”. “Quando atacamos pessoas, temos que ser cuidadosos”, acrescentou.

O ataque israelense, que violou o espaço aéreo do Catar da semana passada, alvejou uma reunião de líderes do Hamas que deveriam examinar uma nova proposta dos EUA de cessar-fogo na Faixa de Gaza. A ação matou cinco palestinos membros do Hamas e um policial catari.

Apesar disso, Rubio afirmou que os EUA “estão concentrados no que irá acontecer a partir de agora”, e como o Catar poderá contribuir “na libertação dos reféns” em Gaza.

Já Netanyahu aproveitou-se da ocasião e defendeu o ataque de sua aeronáutica no país árabe, chamando de “grande hipocrisia” as críticas que seu governo recebeu sobre a ofensiva. Ele também citou a resolução das Nações Unidas que afirma que “nenhuma nação pode abrigar terroristas”.

“Vocês [membros do Hamas] podem se esconder, podem escapar, mas nós iremos pegá-los”, ameaçou o premiê.

Enquanto Rubio e Netanyahu trocavam amenidades, pelo menos 37 palestinos foram mortos em ataques israelenses na Faixa de Gaza
Benjamin Netanyahu/X

Estado palestino

A visita de Rubio a Israel ocorre uma semana antes da reunião de cúpula convocada pela França na Organização das Nações Unidas (ONU) para reconhecer um Estado palestino, iniciativa repudiada veementemente pelo governo israelense. A reunião ocorrerá em 22 de setembro.

Durante a reunião, as autoridades também abordaram os planos de Israel para anexar parte da Cisjordânia com a meta de impedir a criação de um Estado palestino.

Segundo ele, o fato de países europeus apoiarem a criação de um Estado palestino é “apenas um ato simbólico” que “não aproxima” Tel Aviv e Washington a reconhecerem a medida.

Além da reunião nesta segunda-feira, Rubio se encontrou no último domingo (14/09) com Netanyahu. Os dois rezaram no Muro das Lamentações, o local mais sagrado do judaísmo. O muro fica na Cidade Antiga, parte de Jerusalém Leste, a área de maioria árabe conquistada por Israel em 1967 e ilegalmente anexada.

Netanyahu comparou o local com a relação entre Israel e EUA: “está tão forte e duradoura quanto as pedras do Muro das Lamentações que acabamos de tocar”.

Rubio, um católico devoto, publicou posteriormente em uma rede social que a visita expressava sua crença de que Jerusalém é a “capital eterna” de Israel.

Antes do governo Trump, os EUA eram mais cautelosos no posicionamento sobre Jerusalém, mas o republicano transferiu a embaixada do país à cidade e vem indicando apoio aos planos israelenses de assumir controle total da região.

Genocídio em Gaza

Enquanto Rubio e Netanyahu trocavam amenidades, pelo menos 37 palestinos foram mortos em ataques israelenses na Faixa de Gaza desde o amanhecer desta segunda-feira, incluindo 25 na Cidade de Gaza, segundo fontes em hospitais do território.

Segundo o Complexo Médico Nasser à Al Jazeera, pelo menos cinco palestinos que esperavam por ajuda foram mortos a tiros ao sul de Khan Younis.

Além disso, o Ministério da Saúde Palestino em Gaza também disse que pelo menos três pessoas morreram de fome nas últimas 24 horas, elevando o número total de pessoas mortas durante a guerra devido à fome para 425, incluindo 125 crianças.

(*) Com Ansa e Brasil de Fato