Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O governo do presidente norte-americano, Joe Biden, recebeu na quarta-feira (15/05) – Dia de Nabka (Dia da Catástrofe Palestina) – a demissão de Lily Greenberg Call, então assistente especial do chefe de gabinete do Departamento do Interior do país, em função da cumplicidade dos Estados Unidos no genocídio palestino na Faixa de Gaza.

Após endereçar o documento à secretária do Interior dos Estados Unidos, Deb Haaland, e publicá-lo em suas redes sociais, Call declarou: “hoje me tornei a primeira política judia-americana a renunciar à administração Biden-Harris por conta de suas políticas em Gaza”.

“Hoje, 15 de maio, é o Dia da Nakba, que reconhece a destruição da sociedade e da Pátria palestinas em 1948 e o deslocamento dos palestinos para a formação da atual Israel moderna. Nakba e Shoah, a palavra hebraica para Holocausto, significam a mesma coisa: catástrofe”, escreveu.

“Não posso mais, em sã consciência, continuar a representar esta administração em meio ao apoio desastroso e contínuo do presidente Biden ao genocídio de Israel em Gaza”, declarou Call em sua carta de renúncia, após afirmar que entrou na vida política e apoiou a candidatura Biden-Harris pelas pautas progressistas.

Como judia-americana, Call escreveu sobre a perseguição antissemita que sua família sofreu na Europa e seu refúgio nos Estados Unidos: “meus avós não puderam ir para a faculdade. Duas gerações depois, tenho a honra de trabalhar como funcionária nomeada pelo presidente dos Estados Unidos. No entanto, eu me perguntei muitas vezes nos últimos oito meses: qual é o sentido de ter poder se você não o usa para impedir crimes contra a humanidade?”.

Twitter Lily Greenberg Call e UNRWA
Contrariando o argumento sobre a autodefesa de Israel, a judia-norte americana declarou: “A segurança dos judeus não pode – e não virá – às custas da liberdade palestina”

“Aprendi com minha tradição judaica que toda vida é preciosa. Que somos obrigados a defender aqueles que enfrentam violência e opressão e a questionar a autoridade diante da injustiça”, declarou.

A agora ex-funcionária do governo Biden chegou a afirmar que sua formação escolar teve base tanto em hebraico quanto em árabe, que tem familiares servindo no Exército de Israel, e perdeu parentes nos ataques do Hamas em 7 de outubro. Mas ressalta que “punir coletivamente milhões de palestinos inocentes por meio de deslocamento, fome e limpeza étnica não é a resposta”.

Contrariando o argumento sobre a autodefesa de Israel, a judia-americana declarou: “a segurança dos judeus não pode – e não virá – às custas da liberdade palestina”.

“A ofensiva contínua de Israel contra os palestinos não mantém o povo judeu seguro – nem em Israel, nem nos Estados Unidos. Certamente não protege os palestinos, que têm direito à liberdade, segurança, autodeterminação e dignidade”, instou Call ao reconhecer os crimes cometidos por Israel em Gaza, como os bombardeios contra infraestruturas médicas, a destruição de todas as universidades no enclave, ataques a trabalhadores humanitários e jornalistas e a morte de 35 mil palestinos, sendo 15 mil crianças.

“Todas essas são violações da lei internacional. Nenhuma delas seria possível sem as armas [norte]-americanas, e nenhuma delas foi condenada pelo presidente Biden, que tem sangue inocente em suas mãos”, afirmou.

Sobre a responsabilidade de Biden no genocídio, Call lembrou que “o presidente tem o poder de pedir um cessar-fogo duradouro, de parar de enviar armas para Israel e de condicionar a ajuda”, mas que os EUA não quis usar quase nenhuma influência para tal e ainda vetou resoluções no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que responsabilizassem os atos de Israel.

“Rejeito a premissa de que a salvação de um povo deve vir com a destruição de outro. Tenho o compromisso de criar um mundo onde isso não aconteça – e isso não pode ser feito dentro do governo Biden”, finalizou.