Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O primeiro-ministro da Espanha proibiu a compra e venda de armas, munições e equipamentos militares para Israel e vetou o trânsito de navios pelos portos espanhóis que transportam combustível para esse país. Pedro Sánchez disse que a Espanha quer estar do lado certo da história.

Para tentar pressionar Israel, em função dos ataques promovidos pelo país contra o povo palestino na Faixa de Gaza, o premiê espanhol anunciou nesta segunda-feira (08/09) um decreto com nove sanções contra o governo de Netanyahu.

“Sabemos que essas medidas não serão suficientes para impedir a invasão ou os crimes de guerra, mas vão aumentar a pressão e aliviar parte do sofrimento vivenciado pela população palestina”, disse o mandatário.

Entre as nove medidas, a Espanha proíbe a entrada em território espanhol de aviões que transportam material de defesa ou armas para Israel, assim como a entrada de pessoas que estejam diretamente envolvidas no genocídio, em violações de direitos humanos e em crimes de guerra na Faixa de Gaza.

Importar produtos provenientes de assentamentos ilegais, tanto de Gaza quanto da Cisjordânia, também fica totalmente vetado. Segundo o governo espanhol, um dos seus objetivos é combater as ocupações, interromper o deslocamento forçado da população civil palestina e manter viva a solução de dois Estados.

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Sánchez também anunciou um reforço do apoio espanhol à Autoridade Palestina, aumentando os efetivos militares na atual operação da União Europeia em Rafah.

Um aumento da ampliação da contribuição da Espanha em 10 milhões de euros para a Agência das Nações Unidas para Refugiados em Gaza (UNRWA, segundo a sigla em inglês) também foi anunciado hoje.

Para Isaías Barreñada, doutor em Relações Internacionais pela Universidade Complutense de Madri, essas sanções são boas, mas ainda não são suficientes.

Pedro Sánchez também anunciou um reforço do apoio espanhol à Autoridade Palestina
Governo da Espanha / reprodução vídeo

“Acho que essas medidas ainda são muito tímidas, mas acredito que de alguma maneira isso pode gerar um efeito cascata e outros países do bloco poderiam se juntar com medidas mais fortes”, afirma o acadêmico.

Durante o seu discurso, Sánchez destacou que a Espanha sempre condenou o ataque do Hamas do dia 7 de outubro de 2023, assim como o direito de Israel de existir, mas disse que uma coisa é proteger o país e outra é bombardear hospitais e matar crianças inocentes de fome.

Segundo Barreñada, “isso (que Israel faz) não é se defender, não é sequer atacar. Isso é exterminar um povo que está indefeso, é quebrar todas as leis do direito humanitário e apesar disso a comunidade internacional não está sabendo como parar esta tragédia. Talvez porque as grandes potências do mundo estão encalhadas entre a indiferença de um conflito que não termina e a cumplicidade com o governo de Israel”.

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O especialista acredita que, com as novas medidas anunciadas, o governo da Espanha quer voltar a exercer uma liderança europeia no assunto. “Fica claro que com essas novas sanções o nosso país quer fortalecer a sua imagem internacional e conseguir uma relevância maior da que teve até agora na questão Palestina”.

Retaliação

A resposta de Israel às novas sanções do governo espanhol não demorou em chegar. Através da rede social X, o primeiro-ministro israelense acusou a Espanha de antissemita e proibiu a entrada das ministras espanholas do Trabalho e da Infância e Juventude, Yolanda Díaz e Sira Rego à Israel.

Durante o anúncio das novas medidas, Pedro Sánchez também exigiu ao governo de Benjamin Netanyahu o fim da ocupação de Gaza e da Cisjordânia, o fim da violência contra a população civil palestina e o fim do bloqueio humanitário à Faixa de Gaza.