Escracho em SP protesta contra demissão de educador do Colégio Bandeirantes por "antissemitismo"
Protesto denunciou desligamento de educador após publicar conteúdo crítico ao regime israelense em suas redes sociais, denunciando genocídio palestino
Um ato contra a demissão de um educador reuniu um manifestantes antissionistas nesta quinta-feira (14/08) em São Paulo, em frente ao Colégio Bandeirantes. O protesto denunciou o desligamento de auxiliar de ensino após ele publicar conteúdo crítico ao regime israelense nas redes sociais.
“Convocamos esse ato para declarar o nosso repúdio à demissão do professor por ele ter se manifestado contra um genocídio em seu perfil privado. Essa é uma forma de perseguição política,” disse Amanda Abex, uma das organizadoras da atividade e integrante da Frente Palestina.
Para Amanda, esse não é um caso pontual. A ativista acredita que se trata de mais uma ação dentro de um contexto de intensificação do ambiente de censura na capital paulista. “Além de outras demissões de professores, existem ações da prefeitura de São Paulo e da Câmara Municipal para coibir denúncias sobre o genocídio em Gaza em várias frentes, o que inclui as escolas”, alertou a militante.
Um integrante do coletivo Vozes Judaicas por Libertação, que não quis se identificar por ser professor de uma escola privada de São Paulo e temer represálias, disse que há divergências na comunidade judaica sobre a decisão da escola. Para ele, o que o professor de física fez, na verdade, foi uma crítica a um projeto político e ideológico.
“Temos batalhado bastante para deixar claro que não existe essa homogeneidade, como Israel tenta fazer parecer em todo o mundo, como se todos concordássemos com Israel e fossemos sionistas. E sim, existe uma política de um Estado genocida, daí a comparação ao nazismo, por ele também ser genocida”, defendeu o ativista e professor.
Os manifestantes também acusam a instituição de ser negligente com práticas discriminatórias. Na convocatória para o ato, a Frente pela Palestina apontou que o colégio “acumula denúncias ignoradas e abafadas” de racismo, discriminação e bullying envolvendo bolsistas.

Protesto pró-palestina em frente ao Colégio Bandeirantes, em São Paulo. Foto: Patricia Matos/Opera Mundi
Relembrando Pedro Henrique
Um representante do movimento “Pelo Pedro”, composto por alunos do Colégio Bandeirantes e que participava da manifestação, disse que a escola tem um histórico de abafamento de denúncias de racismo e discriminação contra estudantes bolsitas. “O Pedro foi um estudante negro, homossexual e bolsita que chegou a se suicidar depois de ter sofrido bullying. A escola sabia e não fez nada. A gente aponta a hipocrisia da escola que é muito rápida em demitir um professor, mas protege os agressores do Pedro Henrique. Há um padrão de perseguição étnica”, disse o integrante do coletivo de alunos. O representante do movimento pediu sigilo por receio de sofrer punições pela direção da escola.
O caso do Colégio Bandeirantes ocorre em um contexto de intensificação de censura contra manifestações em solidariedade à Palestina. Na última sexta-feira (08/06), poucos dias depois da demissão do professor de física, o Theatro Municipal de São Paulo rompeu contrato com a Festa Literária Pirata das Editoras Independentes (Flipei). O motivo seria a participação de autores que têm denunciado os crimes de guerra cometidos por Israel.
A StandWithUs Brasil, por exemplo, mantém parceria com a Secretaria de Educação de São Paulo para promover atividades em escolas públicas sobre combate ao antissemitismo. Essa seria, segundo críticos ouvidos pela Opera Mundi, uma medida usada para legitimar políticas israelenses e censurar debates sobre a Palestina no ambiente escolar.
Posição do Colégio Bandeirantes
Segundo comunicado enviado pelo Colégio Bandeirantes à comunidade escolar, a instituição soube da declaração do professor após ser marcada em uma postagem nas redes sociais. Nela, o assistente de ensino compartilhou conteúdo que comparava as ações do Estado de Israel àquelas cometidas durante o período do nazismo.
No texto, a escola afirma que “agiu de forma imediata” e que a “publicação de cunho antissemita feita por um assistente de ensino” teria causado “profunda indignação e tristeza.” Procurado pela reportagem, o Colégio Bandeirantes disse que não iria fazer comentários sobre a manifestação desta quinta-feira.























