Sábado, 6 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

A gestão de escolas públicas de Madri, capital da Espanha, acusam o governo regional, liderado pela direitista Isabel Díaz Ayuso (Partido Popular), de proibir manifestações de apoio aos palestinos e retirar símbolos que denunciam o massacre de Israel em Gaza dentro das instituições de ensino da comunidade autônoma.

A Opera Mundi, o porta-voz do grupo Marea Palestina disse que diretores receberam ligações da conselheira de Educação, Ciência e Universidades da Comunidade de Madri dando ordens contra manifestações de apoio. Segundo Carlos Díez Hernando, nenhuma orientação foi encaminhada por escrito, “foi tudo verbal”.

“Nas ligações, eles deram ordens para que esse tipo de atividade não seja realizada nas escolas e também para que bandeiras Palestinas sejam retiradas”, afirmou.

O movimento, que defende uma “educação contra o genocídio”, é um grupo que integra mais de 40 coletivos, associações estudantis e de pais na capital espanhola. Neste começo de ano letivo, que teve início no dia 8 de setembro, o movimento lançou a campanha “Não é normal começar o curso escolar com normalidade” e propôs diversas iniciativas em escolas da comunidade autônoma de Madri para que professores organizem atividades sobre o genocídio que Israel está cometendo contra os palestinos.

“É importante que os jovens conheçam o mundo em que vivem e saibam interpretar o que está acontecendo”, disse Díez.

Por outro lado, o governo de Ayuso nega que tenha realizado esse veto aos diretores dos centros, mas reforça que os espaços educativos devem ser totalmente apolíticos.

coletivos de Madri pró-palestina

Marea Palestina defende iniciativas para denunciar genocídio de Israel em Gaza
Reprodução

Dois pesos, duas medidas

“Quando a Rússia começou a ofensiva contra a Ucrânia, o próprio governo da Ayuso visitou escolas aqui em Madri que estavam promovendo ações a favor dos ucranianos e em nenhum momento foi proibido pendurar bandeiras da Ucrânia nos colégios. Então, naquele momento, isso não era politizar ou doutrinar?”, questiona o porta-voz do Marea Palestina.

Díez disse que mais de 80 associações de pais e mães assinaram uma declaração que defende a liberdade de expressão e condena o assédio da conselheira de Educação, Ciência e Universidades da Comunidade de Madri feita aos professores e às famílias nos últimos dias.

“Estamos reunindo toda a informação dessas instruções verbais que as escolas receberam e vamos apresentar em breve essa documentação ao Ministério da Educação”, afirmou.

Nas últimas semanas houve uma escalada nas discussões políticas na Espanha entre o partido governista PSOE e a oposição conservadora do PP por conta do genocídio israelense em Gaza. Os debates esquentaram ainda mais após a prestigiada competição ciclista Volta da Espanha ser cancelada em Madri quando milhares de ativistas invadiram a pista por onde os atletas passariam para protestar contra a participação da equipe de Israel na competição.

“Os professores estão se sentindo acuados, mas eles têm direito de informar o que está acontecendo. Melhor dizendo, é uma obrigação, pois as leis espanholas de educação obrigam educar sobre direitos humanos”, disse.