Emirados Árabes desistem de participar das forças de estabilização em Gaza
País alega que não existem parâmetros claros sobre tarefas das tropas estrangeiras que serão enviadas ao território palestino, no âmbito do acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas
O governo dos Emirados Árabes Unidos anunciou nesta segunda-feira (10/11) que não pretende participar da conformação de uma força internacional de estabilização para o território palestino da Faixa de Gaza, iniciativa que tem sido preparada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como parte do acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas.
A decisão dos Emirados Árabes foi anunciada por Anwar Gargash, enviado sênior do país para as relações com os países árabes, que expôs suas dúvidas com relação aos termos da resolução elaborada pelos Estados Unidos, um dos mediadores da trégua, sobre o funcionamento das forças de estabilização após a saída completa do exército de Israel do território.
“Os Emirados Árabes Unidos ainda não veem uma estrutura clara para a força de estabilização e, nessas circunstâncias, não participarão, mas apoiarão todos os esforços políticos em prol da paz, e permanecerão na vanguarda da ajuda humanitária”, argumentou Gargash.
Outras desistências
Se trata da segunda negativa nesse sentido tomada diretamente por um governo estrangeiro. O primeiro caso foi da Jordânia. Já a Turquia afirmou que gostaria sim de enviar tropas à região, mas sua colaboração foi vetada por Israel.
Outro país que chegou a cogitar sua participação foi o Azerbaijão, mas seus representantes afirmaram que somente poderão contribuir quando um cessar-fogo completo estiver em vigor na Faixa de Gaza – situação que não está acontecendo, porque Israel segue realizando ataques furtivos ao território palestino.

Posição dos Emirados foi expressada pelo enviado especial do país, Anwar Gargash
Governo dos Emirados Árabes Unidos
Governança de Gaza
O representante dos Emirados Árabes também manifestou que tanto o seu país quanto o Catar temem que a força de estabilização seja obrigada a exercer um papel de governança em Gaza, tarefa que deveria ser reservada a um comitê tecnocrático palestino que trabalharia em conjunto com uma Autoridade Nacional Palestina (ANP).
O texto do acordo de cessar-fogo afirma que “a governança transitória em Gaza será entregue à ANP quando esta tenha concluído satisfatoriamente seu programa de reformas, cuja conclusão será avaliada pelo Conselho de Paz” – este último órgão citado seria liderado pelo próprio presidente estadunidense Donald Trump.
Os países árabes reclamam desse e de outros pontos do acordo que dariam ao Conselho de Paz poderes para definir, por exemplo, quais entidades estariam aptas a atuar na distribuição da ajuda humanitária, excluindo organizações que sejam consideradas inimigas por Israel, como algumas agências da ONU.
Além disso, Emirados Árabes e Catar também disseram apoiar a iniciativa da França e da Arábia Saudita para incluir na resolução um mecanismo para determinar o reconhecimento do Estado da Palestina.
Com informações do The Guardian.























