Em carta aberta, mais de mil rabinos denunciam Israel por usar fome como ‘arma de guerra’
Documento que contou com religiosos de todo mundo, incluindo israelenses, norte-americanos e europeus, disse que ações do governo Netanyahu contradizem valores essenciais do judaísmo
Mais de mil rabinos de todo o mundo assinaram uma carta pedindo que o governo israelense pare de usar a fome como uma “arma de guerra” contra os palestinos na Faixa de Gaza, além de exigir um cessar-fogo no enclave. O documento foi publicado na última sexta-feira (25/07) e contou com diversos nomes internacionais, incluindo dos Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia e Israel.
Por meio de texto, os signatários se declararam “profundamente comprometidos com o bem-estar de Israel e do povo judeu”, mas enfatizaram que “não podem ficar em silêncio” diante do crescente número de mortos em Gaza e da crescente desnutrição.
“Não podemos tolerar os assassinatos em massa de civis, incluindo muitas mulheres, crianças e idosos, ou o uso da fome como arma de guerra”, destacou o documento.
Rabinos e estudiosos também apontaram que o povo judeu “enfrenta uma grave crise moral”.
“A severa limitação imposta à ajuda humanitária em Gaza e a política de retenção de alimentos, água e suprimentos médicos de uma população civil necessitada contradizem os valores essenciais do judaísmo como o entendemos”, disse.
Os signatários exigiram que o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu permita “ampla ajuda humanitária” e “trabalhe urgentemente por todas as rotas possíveis para trazer para casa todos os reféns e acabar com os combates”.
A carta foi escrita por Jonathan Wittenberg, rabino sênior do judaísmo Masorti no Reino Unido; rabino Arthur Green, um proeminente estudioso do misticismo judaico e ex-líder do Hebrew College em Boston; e o rabino Ariel Pollak de Kehilat Sinai, uma sinagoga Masorti em Tel Aviv.

Mais de mil rabinos de todo o mundo assinaram uma carta pedindo que o governo israelense pare de usar a fome como uma “arma de guerra” contra os palestinos
Anadolu/Getty Images
Nos últimos dias, o Ministério da Saúde de Gaza tem registrado um aumento no número de assassinatos por fome generalizada no enclave. Nesta segunda-feira (28/07), o número total de óbitos por desnutrição desde o início do genocídio israelense, em outubro de 2023, subiu para 147, incluindo 88 crianças.
Centenas de grupos que defendem os direitos humanos classificaram a situação de “catástrofe humanitária” e pediram a Israel que liberasse a entrada de mais suprimentos. Além disso, houve pressão de dezenas de líderes mundiais para que o regime sionista acabasse com seu projeto genocida no enclave.
Em resposta à pressão internacional, Tel Aviv tomou algumas medidas para aumentar o fluxo de suprimentos no domingo (27/07), incluindo lançamentos aéreos, abertura de novos corredores para ajuda e pausas de 10 horas nos ataques em certas áreas.
Ainda assim, Netanyahu seguiu rejeitando que exista fome em Gaza e acusou as Nações Unidas (ONU) e o Hamas por supostos obstáculos no fornecimento de ajuda aos palestinos. Nesta segunda-feira, o presidente norte-americano Donald Trump rebateu a posição israelense e responsabilizou o premiê pela “terrível” situação humanitária no enclave.























