Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O Egito sediará, nesta segunda-feira (06/10), um encontro entre as delegações de Israel e do movimento palestino Hamas no Cairo. A nova rodada de negociações, mediada pelo país, irá discutir o plano de paz apresentado pelo presidente Donald Trump, dos Estados Unidos. Reuniões entre os mediadores também estão previstas neste domingo (05/10).

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Egito, o encontro abordará as “condições de campo e detalhes para a troca de todos os detidos israelenses e prisioneiros palestinos”. Cairo também indicou que o objetivo da primeira fase é negociar tanto o intercâmbio de prisioneiros quanto a retirada das forças israelenses do território sitiado.

“O Egito espera que as discussões ajudem a acabar com a guerra e o sofrimento do povo palestino, que já dura dois anos consecutivos”, afirmou a chancelaria egípcia. As delegações de Israel e do Hamas terão conversas indiretas e permanecerão em locais separados, com mediadores do Egito, Catar e dos Estados Unidos.

O encontro ocorre em meio a intensos bombardeios israelenses que, nas últimas 24 horas, mataram pelo menos 70 palestinos. Em comunicado, o porta-voz do governo israelense diz que não há nenhum cessar-fogo em vigor em Gaza no momento, mas apenas uma interrupção temporária de alguns dos bombardeios, acrescentando que o Exército poderia continuar as operações na região para fins defensivos.

Delegações chegam no Cairo

O presidente dos Estados Unidos enviou ao Egito dois representantes — Jared Kushner e Steve Witkoff — para acompanhar o processo. Segundo a Casa Branca, a presença dos enviados faz parte dos esforços diretos de Donald Trump para implementar seu plano de paz para o Oriente Médio.

Trump declarou que Israel “parou temporariamente os bombardeios” para dar “uma chance” ao acordo. No entanto, os ataques continuam no território. O Hamas denunciou que os ataques em curso “provam que Israel continua com seus crimes e massacres horríveis contra o povo palestino”.

Egito sediará negociações entre Israel e Hamas nesta segunda-feira (06)
Jaber Jehad Badwan/Wikipedia Commons

Em pronunciamento transmitido ao vivo, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que “estamos à beira de uma conquista significativa” e que espera anunciar a libertação dos reféns “durante o próximo feriado de Sucot”, que começa na próxima segunda-feira, no país. Ele declarou que, na segunda fase da proposta dos EUA, “o Hamas será desarmado e a Faixa de Gaza será desmilitarizada, seja por meio de ação militar ou diplomática”.

Hamas

De acordo com fontes próximas às negociações, o Hamas aceitou em princípio parte dos 20 pontos da proposta norte-americana, que prevê cessar-fogo, retirada gradual de tropas israelenses, desmilitarização da Faixa de Gaza e supervisão internacional da reconstrução e governança do território.

O acordo estabelece que Israel interromperá as ações militares e recuará para linhas acordadas, e dá o prazo de 72 horas para a libertação dos reféns israelenses, vivos e mortos, após a aceitação pública do plano. Em troca, Israel se comprometeria a libertar 250 prisioneiros condenados à prisão perpétua e 1.700 moradores de Gaza detidos desde 7 de outubro de 2023.

O acordo também prevê anistia a membros desarmados do Hamas e passagem segura para outros países para os que deixarem Gaza. Enquanto os mediadores do acordo se reúnem no Cairo, protestos pró-Palestina, exigindo o fim dos ataques, multiplicam-se em diversas capitais do mundo.

Acordo

A Al Jazeera destaca que, segundo o plano proposto por Trump, uma vez que Israel e o Hamas concordem com os termos do acordo, as forças israelenses deverão se retirar inicialmente para a chamada linha amarela, etapa preparatória para a libertação dos prisioneiros mantidos em Gaza.

Após o cumprimento dos requisitos previstos no plano de 20 pontos e a chegada de uma força internacional de estabilização, os militares israelenses retornariam à linha vermelha, em um processo supervisionado por mediadores internacionais.

A retirada final levaria as tropas israelenses a recuar em direção à fronteira com Gaza, embora o plano permita que mantenham uma “zona-tampão” dentro do território, incluindo a área próxima à passagem fronteiriça com o Egito.

Apesar das negociações em curso, o ministro das Relações Exteriores de Israel pressiona para que o exército israelense “permaneça controlando áreas” em Gaza mesmo após o fim formal da guerra, ressalta a agência catari.