Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O Egito sedia neste sábado (21/10), na capital Cairo, uma cúpula de paz sobre o conflito no Oriente Médio entre Israel e Palestina, evento que reúne líderes de diversos países, mas não conta com a presença de Israel ou de representantes de alto escalão dos Estados Unidos.

A reunião acontece no dia da abertura da fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito em Rafah para a entrada das primeiras ajudas humanitárias à população palestina desde o início da guerra, porém enquanto o número de mortos segue crescendo.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, 4.385 pessoas já morreram em bombardeios de Israel, sendo 1.756 menores de idade e 976 mulheres, enquanto outras 13.561 ficaram feridas.

O governo israelense, por sua vez, reporta que mais de 1,4 mil indivíduos – em sua maioria civis – foram assassinados durante a incursão sem precedentes deflagrada pelo Hamas em 7 de outubro. 

Confira trechos dos discursos de líderes e mandatários mundiais sobre o conflito:

Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, Egito

O presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, país que tem sido protagonista nas mediações entre Israel e Palestina, inclusive assinando a abertura da passagem em Rafah para a entrada de ajuda humanitária, começou seu discurso de abertura reconhecendo que o mundo “aguarda as posições a serem tomadas neste momento histórico delicado”. 

Ao condenar as ações do conflito contra civis, o presidente manifestou sua “extrema surpresa pelo fato de o mundo estar parado, assistindo uma crise humanitária catastrófica que afeta dois milhões e meio de palestinos em Gaza”, lembrando que essa população está sujeita a “castigos coletivos, cerco, fome, pressão e deslocamento forçado e violento, que seria uma liquidação final da Palestina”. 

Al-Sisi lembrou que o Egito não fechou em nenhum momento a fronteira em Rafah, “mas os repetidos bombardeamentos israelenses impediram seu funcionamento”. Nessas condições, coordenou o acordo com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a passagem dos caminhões de ajuda que chegaram na manhã deste sábado (21/10) em Gaza. 

Assim, o presidente ressaltou que “uma liquidação da palestina, sem uma solução justa, não acontecerá, e não acontecerá às custas do Egito”, sugerindo que a única solução para o conflito é o respeito aos “direitos legítimos dos palestinos à autodeterminação e a viverem com dignidade e segurança, num Estado independente nas suas terras”.

Mahmoud Abbas, Palestina

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, foi o segundo a discursar, logo após o anfitrião egípcio Abdel Fattah el-Sisi. Segundo ele, a cúpula acontece “em momento em que as forças israelenses violam todas as leis humanitárias possíveis, ao atacarem civis através do bombardeamento aéreo de hospitais, escolas e abrigos”, mencionou o jornal catari Al Jazeera

Egito sedia evento, a fim de encontrar soluções para conflito entre Israel e Palestina, com líderes e presidentes de diversos países

presidency.eg

Reunião acontece no dia da abertura da fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito em Rafah para a entrada das primeiras ajudas humanitárias

Abbas reiterou um pedido que tem feito desde o início do conflito pela criação de corredores humanitários, além de condenar os ataques a civis de ambos os lados, inclusive pelo grupo palestino Hamas, a quem Abbas apelou pela libertação dos civis israelenses sequestrados.

Além disso, o líder palestino também firmou que a população de Gaza não aceita realocações, mas vai permanecer em sua terra “quaisquer sejam os desafios”.  

Cyril Ramaphosa, África do Sul

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, declarou a seu país “mantém a firme opinião de que o ataque a civis em Israel, o cerco em curso a Gaza e a decisão de deslocar à força a população da região, juntamente com o uso indiscriminado da força através de bombardeamentos, são violações do direito internacional”. 

O mandatário africano apelou pela “cessar imediato das hostilidades”, libertação dos reféns e abertura de corredores humanitários para a população em Gaza. 

“Apelamos também a um processo de negociação liderado pelas Nações Unidas para a resolução do conflito israelo-palestiniano”, concluiu o presidente.

Rei Abdullah, Jordânia

O Rei Abdullah, da Jordânia, declarou que Israel nunca é responsabilizado por suas ações em Gaza, e a comunidade internacional também não age em favor da Palestina. A informação é da Al Jazeera

“Hoje, Israel está literalmente matando civis de fome em Gaza, mas durante décadas os palestinos têm estado privados de esperança, de liberdade e de futuro”, declarou. 

“O derramamento de sangue que testemunhamos hoje é o preço de não conseguir fazer progressos tangíveis em direção a um horizonte político que traga paz tanto para os palestinos como para os israelenses”, veiculou o jornal sobre a fala do líder, que também considerou as ações de Israel como um “castigo coletivo a um povo sitiado e indefeso”. 

Mauro Vieira, Brasil

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou durante a cúpula convocada pelo Egito para discutir o conflito entre Israel e Hamas, que a “simples gestão do conflito não é uma alternativa aceitável” e que a paralisia do Conselho de Segurança da ONU está trazendo consequências para a vida de milhões de pessoas.

Segundo o diplomata, que foi ao encontro representando o presidente Lula, o Brasil não vai poupar esforços para buscar um consenso multilateral para a tomada imediata de ações. 

(*) Com Ansa e Brasil de Fato