Diplomatas europeus condenam ações de Israel em Gaza e pedem ‘medidas urgentes’ da UE
Por carta, representantes exigiram que União Europeia suspenda venda de armas ao regime sionista e denunciam planos de expansão ilegal na Cisjordânia
Mais de 200 diplomatas europeus, incluindo 110 ex-embaixadores, condenaram nesta terça-feira (26/08), em uma carta conjunta, as ações ilegais “de Israel em Gaza e na Cisjordânia”, e pedem que os países da União Europeia tomem medidas urgentes.
O texto apresenta nove propostas com o objetivo de “criar uma massa crítica de apoio, dentro e fora da UE, visando proteger e fazer cumprir o direito internacional”. As medidas complementam outras já divulgadas em uma carta anterior, assinada por 58 diplomatas europeus e publicada em 28 de julho.
As propostas incluem a suspensão de licenças de exportação de armas, a proibição do comércio de bens e serviços com assentamentos ilegais e a proibição de centros de dados europeus receberem, armazenarem ou processarem dados do governo israelense ou de empresas se estiverem relacionados “à presença e às atividades de Israel em Gaza e outros locais dos territórios ocupados”.
A carta menciona os planos de expansão de assentamentos israelenses na Cisjordânia e ações de colonos. O documento rejeita a construção de 3.400 unidades habitacionais na área E1, que separaria Jerusalém Oriental da Cisjordânia e alteraria a configuração territorial, impedindo a implementação da solução de dois Estados. O texto também condena o assassinato de Odeh Hathalin, um ativista palestino que trabalhou como consultor do documentário No Other Land, vencedor do Oscar. Ele foi morto a tiros por um colono israelense em julho.
Os signatários da carta apontam a dificuldade de obtenção de um acordo de cessar-fogo, a falta de uma solução para libertar reféns, os planos de evacuação da Cidade de Gaza e o deslocamento de aproximadamente um milhão de palestinos para o sul do território.

Mais de 200 diplomatas europeus, incluindo 110 ex-embaixadores, condenaram, em uma carta conjunta, as ações ilegais de Israel em Gaza e na Cisjordânia ocupada
WAFA/apaimages
Bloqueio da ajuda humanitária
Segundo o texto, essas ações podem resultar em deslocamentos em larga escala e em uma crise migratória. Os diplomatas afirmam que “o governo israelense continuou a impedir a UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio) e 100 ONGs internacionais de fornecer qualquer tipo de ajuda desde 2 de março, bloqueando também entregas de outros fornecedores, enquanto prioriza a militarização da ajuda fornecida pelo GHF e seus mercenários”.
A GHF (Gaza Humanitarian Foundation) é uma organização não governamental norte-americana criada em fevereiro de 2025 com o objetivo declarado de distribuir ajuda humanitária na Faixa de Gaza. De acordo com o texto, o uso dessa organização “é uma violação aos princípios humanitários da ONU”, e resultou na “morte ou ferimento de milhares de palestinos que buscavam essa assistência”.
‘Falta de ação enfraquece UE em outros conflitos’
Os diplomatas também relatam restrições à atuação de jornalistas internacionais e mencionam que pelo menos 200 profissionais foram mortos desde o início do genocídio, em outubro de 2023.
A carta ainda apresenta dados sobre a situação alimentar em Gaza, indicando que meio milhão de pessoas estão em risco de morte e 132 mil crianças menores de cinco anos enfrentam risco de desnutrição até junho de 2026.
O documento conclui com um apelo à liderança da União Europeia, e afirma que ações concretas são necessárias para preservar os valores europeus, a credibilidade internacional e o apoio do Sul Global. A falta de ação, segundo os signatários, enfraquece a posição da UE em outros conflitos, como a guerra na Ucrânia.























