Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Em carta direcionada ao secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, na quarta-feira (20/08), um grupo de senadores do Partido Democrata dos Estados Unidos exigiu que o país pressione Israel a conceder acesso à imprensa internacional na cobertura do genocídio na Faixa de Gaza e a garantir proteção aos jornalistas, ao condenar o ataque deliberado ocorrido neste mês, que matou seis funcionários, incluindo vários da emissora catari Al Jazeera, como o renomado repórter Anas al-Shari.

O documento liderado pelo senador do Havaí, Brian Schatz, reuniu o endosso de outros 16, incluindo a senadora de Massachusetts, Elizabeth Warren, o senador da Virgínia, Tim Kaine, e o senador de Vermont, Bernie Sanders.

Em 10 de agosto, o Exército de Israel lançou um ataque contra uma tenda destinada à imprensa, instalada em frente ao hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza. A ofensiva resultou na morte de vários funcionários da Al Jazeera, como os jornalistas Mohammed Qreiqh e al-Sharif, além dos cinegrafistas Ibrahim Zaher e Mohammed Noufal. As forças israelenses tentaram justificar a morte de al-Sharif, alegando, sem provas, militar pelo Hamas. 

A carta apresentada pelos democratas destacou que o comportamento israelense faz “parte de um padrão de violência que silenciou as vozes de muitos jornalistas de Gaza” e apontou que Israel “não apresentou evidências convincentes” para alegar que al-Sharif era, de fato, um militante do grupo palestino.

“Na ausência de uma explicação convincente do objetivo militar deste ataque, parece que Israel está admitindo publicamente ter alvejado e matado jornalistas que mostraram ao mundo a escala do sofrimento em Gaza, o que seria uma violação do direito internacional”, afirmam os senadores.

O ataque contra a imprensa teve forte repercussão e foi recebido com protestos em nível global. Segundo o Escritório de Mídia do Governo de Gaza, o número de jornalistas assassinados por Israel no enclave, desde 7 de outubro de 2023, subiu para 238.

Senadores dos Estados Unidos pedem que governo de Donald Trump pressione Israel por proteção na Faixa de Gaza
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O grupo instou o governo do presidente norte-americano Donald Trump a fornecer mais informações sobre a “conscientização e análise” do Departamento de Estado no que diz respeito à ofensiva.

Na semana passada, a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, revelou ter discutido sobre o assassinato de al-Sharif com o governo de Israel, contudo, reiterou a alegação sem provas de que o repórter poderia ter tido ligações com o Hamas.

A Al Jazeera acusou as autoridades israelenses de fabricar evidências para ligar sua equipe ao Hamas e denunciou as forças israelenses por travar uma “campanha de incitamento” contra seus funcionários em Gaza.

Na carta, os senadores norte-americanos pediram que o governo Trump “deixe claro para Israel que proibir e censurar organizações de mídia e atacar ou ameaçar membros da imprensa é inaceitável e deve parar”.

“Pedimos que você pressione o governo israelense a proteger os jornalistas em Gaza e permitir que a mídia internacional acesse o território”, diz o documento, que também exige acesso irrestrito e imediato a jornalistas estrangeiros para cobrirem o genocídio, uma vez que Tel Aviv os proibiu de entrar no enclave.

Os senadores também expressaram preocupação com os ataques de Israel à liberdade de imprensa em outros lugares, condenando o assassinato de jornalistas no Líbano, a repressão aos meios de comunicação na Cisjordânia ocupada, o assédio de soldados israelenses no sul da Síria e censura a repórteres críticos do genocídio.

“Os Estados Unidos devem deixar claro a Israel que proibir e censurar organizações de mídia e atacar ou ameaçar membros da imprensa é inaceitável e deve parar. A ausência de apoio do governo dos EUA aos esforços de responsabilização mina a liderança moral e a credibilidade do país na região e em todo o mundo. Promover a liberdade de imprensa globalmente, proteger a segurança dos jornalistas e promover leis e normas internacionais são essenciais para sustentar os EUA”, argumenta o documento.