Democratas exigem que Trump pressione Israel a proteger jornalistas em Gaza
Em carta, 17 senadores dos EUA afirmam que Tel Aviv 'admite publicamente' alvejar imprensa ao não provar ligação de profissionais com Hamas
Em carta direcionada ao secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, na quarta-feira (20/08), um grupo de senadores do Partido Democrata dos Estados Unidos exigiu que o país pressione Israel a conceder acesso à imprensa internacional na cobertura do genocídio na Faixa de Gaza e a garantir proteção aos jornalistas, ao condenar o ataque deliberado ocorrido neste mês, que matou seis funcionários, incluindo vários da emissora catari Al Jazeera, como o renomado repórter Anas al-Shari.
O documento liderado pelo senador do Havaí, Brian Schatz, reuniu o endosso de outros 16, incluindo a senadora de Massachusetts, Elizabeth Warren, o senador da Virgínia, Tim Kaine, e o senador de Vermont, Bernie Sanders.
Em 10 de agosto, o Exército de Israel lançou um ataque contra uma tenda destinada à imprensa, instalada em frente ao hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza. A ofensiva resultou na morte de vários funcionários da Al Jazeera, como os jornalistas Mohammed Qreiqh e al-Sharif, além dos cinegrafistas Ibrahim Zaher e Mohammed Noufal. As forças israelenses tentaram justificar a morte de al-Sharif, alegando, sem provas, militar pelo Hamas.
A carta apresentada pelos democratas destacou que o comportamento israelense faz “parte de um padrão de violência que silenciou as vozes de muitos jornalistas de Gaza” e apontou que Israel “não apresentou evidências convincentes” para alegar que al-Sharif era, de fato, um militante do grupo palestino.
“Na ausência de uma explicação convincente do objetivo militar deste ataque, parece que Israel está admitindo publicamente ter alvejado e matado jornalistas que mostraram ao mundo a escala do sofrimento em Gaza, o que seria uma violação do direito internacional”, afirmam os senadores.
O ataque contra a imprensa teve forte repercussão e foi recebido com protestos em nível global. Segundo o Escritório de Mídia do Governo de Gaza, o número de jornalistas assassinados por Israel no enclave, desde 7 de outubro de 2023, subiu para 238.

Senadores dos Estados Unidos pedem que governo de Donald Trump pressione Israel por proteção na Faixa de Gaza
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O grupo instou o governo do presidente norte-americano Donald Trump a fornecer mais informações sobre a “conscientização e análise” do Departamento de Estado no que diz respeito à ofensiva.
Na semana passada, a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, revelou ter discutido sobre o assassinato de al-Sharif com o governo de Israel, contudo, reiterou a alegação sem provas de que o repórter poderia ter tido ligações com o Hamas.
A Al Jazeera acusou as autoridades israelenses de fabricar evidências para ligar sua equipe ao Hamas e denunciou as forças israelenses por travar uma “campanha de incitamento” contra seus funcionários em Gaza.
Na carta, os senadores norte-americanos pediram que o governo Trump “deixe claro para Israel que proibir e censurar organizações de mídia e atacar ou ameaçar membros da imprensa é inaceitável e deve parar”.
“Pedimos que você pressione o governo israelense a proteger os jornalistas em Gaza e permitir que a mídia internacional acesse o território”, diz o documento, que também exige acesso irrestrito e imediato a jornalistas estrangeiros para cobrirem o genocídio, uma vez que Tel Aviv os proibiu de entrar no enclave.
Os senadores também expressaram preocupação com os ataques de Israel à liberdade de imprensa em outros lugares, condenando o assassinato de jornalistas no Líbano, a repressão aos meios de comunicação na Cisjordânia ocupada, o assédio de soldados israelenses no sul da Síria e censura a repórteres críticos do genocídio.
“Os Estados Unidos devem deixar claro a Israel que proibir e censurar organizações de mídia e atacar ou ameaçar membros da imprensa é inaceitável e deve parar. A ausência de apoio do governo dos EUA aos esforços de responsabilização mina a liderança moral e a credibilidade do país na região e em todo o mundo. Promover a liberdade de imprensa globalmente, proteger a segurança dos jornalistas e promover leis e normas internacionais são essenciais para sustentar os EUA”, argumenta o documento.























