Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O assessor especial da Presidência da República do Brasil, Celso Amorim, declarou nesta sexta-feira (24/05) que o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, não deve voltar ao cargo, apesar de ter retornado presencialmente a Israel nesta manhã.

“Não havia alternativa. Nosso embaixador foi humilhado”, disse Amorim na capital chinesa de Pequim, onde cumpre uma agenda oficial. “Acho que ele não volta [ao cargo]. Se vai outro eu não sei, mas ele não volta. Ele foi humilhado pessoalmente e, com isso, o Brasil é que foi humilhado. A intenção foi humilhar o Brasil”.

A informação também foi confirmada por fontes do Itamaraty consultadas por Opera Mundi.

“Fato é que o Embaixador do Brasil em Israel não voltou. Na condição de Embaixador do Brasil em Israel, não voltou. E acho que nem voltará”, relataram à reportagem, acrescentando que o embaixador possivelmente deve ter retornado fisicamente a Israel por “questão pessoal”, já que “ele morava lá” e “talvez tenha razões pessoais”.

Meyer foi convocado para consultas pelo Itamaraty em fevereiro, quando o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, submeteu o diplomata a “humilhação”, como classificaram fontes da chancelaria brasileira também em conversa com Opera Mundi, ao chamá-lo para uma reunião no Museu do Holocausto, em Jerusalém.

O gesto ocorreu após o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva ter sido nomeado “persona non grata” ao comparar publicamente o cenário de genocídio na Faixa de Gaza ao Holocausto, o que deteriorou as relações diplomáticas entre Israel e Brasil.

Na ocasião, fontes do governo informaram à reportagem que o chanceler brasileiro Mauro Vieira teria ficado “incomodado” com a postura israelense, que além do encontro ter sido marcado, de última hora, no Museu do Holocausto — e não na chancelaria —, ele foi realizado fazendo uso da língua hebraica, sem apoio de intérpretes. 

Reprodução/Geraldo Magela/Agência Senado Embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, retornou a Israel após três meses fora; governo brasileiro afirma que diplomata não deve voltar ao posto

Mais cedo, uma reportagem do colunista Jamil Chade, pelo portal UOL, havia confirmado que, três meses depois de deixar Tel Aviv, Meyer teria retornado para Israel nesta manhã. No entanto, a coluna destacou que “segundo o Itamaraty, isso não significa que ele reassumiu o posto”.

Segundo o jornal O Globo, em Pequim, Amorim teve um encontro com o chanceler chinês, Wang Yi, no qual tratou principalmente da guerra na Ucrânia. Ambos assinaram uma proposta na quinta-feira (23/05) em que “defendem a realização de uma conferência de paz com a participação da Rússia para negociar o fim do conflito”. 

Ainda de acordo com o veículo, Amorim afirmou que as operações israelenses em Gaza também foram discutidas, mas que as conversas se centralizaram na situação de Kiev. O jornal relatou que para o assessor da Presidência, “é difícil vislumbrar uma solução para o conflito entre israelenses e palestinos, um tema no qual já acumulou muitas horas de voo no passado”.

“O que acontece hoje me causa enorme desgosto. Durante o [primeiro] governo Lula fui cinco vezes a Israel e cinco vezes à Palestina. E eu tinha esperança. Com toda a dificuldade que havia, eu via um desejo de negociar de lado a lado. E hoje não há”, disse Amorim.