Sábado, 6 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

Refugiado, líder da resistência palestina e, agora, mártir da causa do povo palestino. Yahya Sinwar foi um dos mais importantes estrategistas do grupo Hamas, chegando a ser o principal ideólogo do maior ataque promovido pelo movimento contra o Estado de Israel, em 7 de outubro de 2023 – ação que desencadeou o massacre que segue vigente na atualidade, com um saldo, até o momento, de 42,5 mil civis mortos e mais de dois milhões de pessoas deslocadas.

A morte do líder do Hamas, assassinado pelo Exército israelense nesta quarta-feira (16/10), levou diversos países, aliados e inimigos da causa palestina, a reagirem com declarações eloquentes sobre sua história e seu legado.

A reflexão mais destacada foi a realizada pela missão do Irã na Organização das Nações Unidas (ONU), nesta sexta-feira (18/10), em um discurso no qual se previu que “quando os muçulmanos olharem para o mártir Sinwar no campo de batalha, em trajes de combate e ao ar livre, não em um esconderijo, mas enfrentando o inimigo, o espírito de resistência será fortalecido”.

O comentário faz jus ao fato de que Sinwar foi um líder em terreno. Segundo o canal catari Al Jazeera, ele esteve em Gaza liderando as ações do grupo durante os 12 meses desde o ataque de 7 de outubro de 2023 até o dia de sua morte.

A nomeação de Sinwar como líder do grupo ocorreu após o assassinato de Ismail Haniyeh, no final de julho, foi considerada natural pela imprensa que cobre os acontecimentos na região, já que ele era a pessoa que comandava a administração do Hamas na Faixa de Gaza desde meados de 2017.

Durante o massacre impulsionado pelas forças de Israel em Gaza, Sinwar se manteve sempre entre os primeiros nomes da lista de alvos principais das forças de Tel Aviv. Neste um ano de ataques, o Exército israelense fez diversos anúncios alegando que havia podido matá-lo, mas a informação acabava desmentida – diferente do que aconteceu nesta quinta-feira (17/10), quando o Hamas terminou confirmando a morte do seu líder horas depois.

A vida de Sinwar

Yahya nasceu em 1962 com o nome de Abu Ibrahim Sinwar, no campo de refugiados de Khan Younis. Sua família foi uma das milhares que foram expulsas de suas casas durante a Nakba, a catástrofe palestina impulsionada pelos sionistas em 1948.

A casa dos Sinwar ficava na aldeia palestina de al-Majdal, destruída anos depois para a construção da cidade israelense de Ashkelon.

Divulgação / FDI
Yahya Sinwar foi morto pelo Exército de Israel nesta semana

Com menos de 20 anos de idade, em 1982, Sinwar foi preso pela primeira vez, acusado de “participar em atividades islâmicas”. A segunda detenção ocorreu na mesma década, em 1985, e resultou em um período mais longo de cárcere, mas que o levou a conhecer, na prisão, o xeque Ahmed Yassin, fundador do Hamas.

Aos 25 anos, o jovem Sinwar já formava parte do al-Majd, organização que realizava a segurança interna do Hamas. Segundo o canal Al Jazeera, sua postura dentro do grupo se destacava desde aqueles primeiros anos, devido à sua pouca tolerância com palestinos que colaboravam com Israel.

Preso pela terceira vez em 1988, acusado de assassinar dois soldados israelenses e 12 palestinos que teriam colaborado com o governo de Tel Aviv, ele terminou condenado e passou 22 anos na prisão – só foi libertado em 2011, após um acordo para troca de prisioneiros.

Sinwar como liderança

Diz-se que Sinwar manteve-se rigorosamente disciplinado na prisão, aprendendo a falar e ler hebraico fluentemente e tornando-se um líder entre seus companheiros de prisão e um ponto focal para negociações com a equipe da prisão, o que teria permitido a ele manter essa ascendência dentro do grupo após recuperar a liberdade.

Durante os dois meses em que ocupou a liderança total do grupo, ele continuou comandando as operações militares do grupo dentro da Faixa de Gaza.

Foi justamente em uma dessas ações, em Rafah, que ele acabou sendo morto por um ataque das forças israelenses.