Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Durante a 80ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York, realizada entre 23 a 29 de setembro, foi possível notar um repúdio crescente em relação ao governo de Israel por parte da comunidade internacional.

O genocídio na Faixa de Gaza foi o assunto que dominou esta edição, com líderes mundiais condenando as operações militares em curso do regime sionista. Houve também uma greve das delegações de diversos países, incluindo o Brasil, que se retiraram do plenário quando o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, subiu no palco para realizar o seu discurso.

Enquanto isso, do lado de fora do prédio da ONU, multidões encheram as ruas em apoio aos palestinos. Atualmente Netanyahu enfrenta um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra e, por conta disso, teve que, inclusive, alterar sua rota até a cidade norte-americana, desviando de países signatários do Estatuto de Roma. 

Confira o que os principais líderes declararam sobre o genocídio de Israel na ONU.

António Guterres, secretário-geral da ONU

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, descreveu o genocídio em Gaza como ele sendo “diferente de qualquer outro conflito” que testemunhou durante o seu mandato. A autoridade mencionou a Corte Internacional de Justiça (CIJ), com sede em Haia, que ordenou Israel a parar o genocídio, e pediu para que a entidade permitisse maior acesso humanitário e investigações sobre a conduta israelense.

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva classificou o genocídio na Palestina como o exemplo mais gritante de “uso desproporcional e ilegal da força”. O mandatário alertou que o povo palestino corre risco de desaparecer se o massacre de Israel continuar, e defendeu novamente o estabelecimento de um Estado independente e totalmente integrado à comunidade internacional.

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos

O presidente norte-americano Donald Trump usou a maior parte do tempo para falar sobre sua política nacional. Sendo sua nação a maior aliada de Israel, sobre a questão palestina, exigiu a libertação imediata de todos os cativos israelenses e advertiu que o reconhecimento unilateral de um Estado palestino equivaleria a “uma recompensa ao Hamas por suas horríveis atrocidades”.

Prabowo Subianto, presidente da Indonésia

O presidente Prabowo Subianto destacou que a Indonésia está pronta para enviar 20 mil soldados de paz para a Faixa de Gaza. Ele também traçou paralelos entre o passado de sofrimento colonial da nação e as lutas dos palestinos atualmente.

Pediu ainda à ONU que não se omita enquanto os palestinos “não têm justiça e legitimidade”, e lembrou que a instituição existe para defender tanto “os fortes quanto os fracos”.

Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan criticou os EUA por negar vistos a funcionários da Autoridade Palestina, incluindo o presidente Mahmoud Abbas, em violação do acordo de hospedagem da ONU.

Erdogan mostrou aos delegados fotos de mulheres buscando comida e uma criança gravemente desnutrida. “Podemos ter uma razão razoável para essa brutalidade em 2025?” questionou, chamando a situação de um dos momentos mais sombrios da humanidade.

Exigiu também um cessar-fogo imediato, ajuda humanitária sem bloqueios e responsabilização daqueles que cometem genocídio.

Abdullah II, rei da Jordânia

O rei Abdullah II alertou que ignorar o genocídio “sinalizaria a aceitação da situação e o abandono de nossa humanidade”. Ele descreveu o conflito como “um dos momentos mais sombrios da história desta instituição”, destacando que o sofrimento palestino se estenderá no histórico da ONU.

A autoridade também citou que os acordos de cessar-fogo fracassaram e serviram como “cobertura” para que Israel seguisse ocupando o território palestino e expandindo os assentamentos ilegais.

Tamim bin Hamad Al Thani, emir do Catar

O emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad Al Thani, condeno o “ataque traiçoeiro” de Israel em 9 de setembro, que teve como alvo os negociadores de paz do Hamas em Doha. Ele descreveu o atentado como um assassinato político que mina os esforços diplomáticos para acabar com o genocídio em Gaza. Segundo ele, Israel se tornou um “Estado pária”.

Afirmou ainda que o objetivo real de Israel no genocídio é tornar Gaza inabitável.

80ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York
UN Photo/Manuel Elias

Cyril Ramaphosa, presidente África do Sul

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, reforçou que seu país lidera a acusação na CIJ e que pressiona por uma decisão de que Israel está comete genocídio em Gaza. Citou ainda um relatório recente da comissão da ONU que chegou à mesma conclusão.

Joseph Aoun, presidente do Líbano

O presidente Joseph Aoun disse que muitos cidadãos libaneses enfrentam a morte diariamente, enquanto regiões do país permanecem sob ocupação.

Aoun pediu a plena implementação da Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, exigindo o fim da agressão israelense, a retirada das forças de ocupação do território libanês e a libertação de prisioneiros libaneses das prisões israelenses.

Sobre Gaza, Aoun reafirmou o apoio a uma solução de dois Estados, considerando como o único caminho para uma paz duradoura.

Emmanuel Macron, presidente da França

Após a França reconhecer formalmente o Estado palestino, o presidente Emmanuel Macron pediu que mais países sigam o exemplo em nome da paz. O mandatário apoiou a Declaração de Nova York, assinada por 142 Estados, que pede a libertação de reféns, a estabilização de Gaza, o desmantelamento do Hamas e a solução de dois Estados. 

Gustavo Petro, presidente da Colômbia

O presidente colombiano Gustavo Petro acusou a ONU de ser uma “testemunha muda” do genocídio em Gaza. O mandatário instou os Estados-membros a contornar os repetidos vetos do Conselho de Segurança e tomar medidas efetivas e vinculativas por meio da Assembleia.

“A diplomacia foi tentada em Gaza”, disse Petro, alertando que a cada dia “mais crianças morrem, mais bombas caem, mais corpos são destruídos”. Defendeu ainda a mobilização de uma força militar mundial em defesa dos palestinos.

Felipe VI, rei da Espanha

O rei Felipe VI da Espanha disse que “a dignidade do ser humano não é negociável”. Sobre a questão palestina, ele condenou a devastação e o deslocamento em massa causados por Israel, ao mesmo tempo em que denunciou os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023.

Ahmad al-Sharaa, presidente da Síria

Após a deposição de Bashar al-Assad, o presidente Ahmad al-Sharaa, pela primeira vez na Assembleia, enquadrou sua história recente como uma luta entre “verdade e falsidade”. Al-Sharaa alertou contra as novas ameaças israelenses durante a frágil transição da Síria, reafirmando o compromisso de seu país com a soberania e o diálogo.

Masoud Pezeshkian, presidente do Irã

O presidente iraniano Masoud Pezeshkian mencionou o genocídio em Gaza, a destruição de casas no Líbano, a devastação da Síria, a fome no Iêmen e o assassinato de cientistas iranianos, condenando Israel pelas repetidas violações da soberania sob o pretexto de legítima defesa. Tais atos, segundo ele, traem os próprios fundamentos da humanidade.

Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina

Em uma mensagem de vídeo porque teve o visto barrado pelos EUA, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, disse que Gaza sofreu “genocídio, destruição, fome e deslocamento” que matou ou feriu mais de 220 mil pessoas, a maioria civis.

Ele denunciou a violência dos assentamentos ilegais israelenses e rechaçou a declaração de Netanyahu de construir um “grande Israel”, acusando os colonos de matar palestinos “em plena luz do dia sob a proteção do exército de ocupação”.

Abbas também distanciou a Autoridade Palestina do Hamas, condenando seus ataques de outubro de 2023 e afirmando que o grupo não governará Gaza após possível cessar-fogo.

David Lammy, vice-primeiro-ministro do Reino Unido

O vice-primeiro-ministro do Reino Unido, David Lammy, chamou a situação em Gaza de “indefensável” e “totalmente injustificável”, pedindo o fim imediato do genocídio. Ele disse que os palestinos – cujo estado o Reino Unido acabara de reconhecer – e os israelenses “merecem melhor”.

Lammy também condenou os ataques do Hamas em outubro de 2023, mas denunciou o bloqueio de Israel à ajuda humanitária e insistiu que apenas uma ação diplomática poderia acabar com a fome na Palestina.

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, elogiou suas operações contra o Hamas, o Hezbollah, as forças do presidente sírio Bashar al-Assad e os representantes do Irã. 

Sobre Gaza, o premiê voltou a acusar os ataques do Hamas em outubro de 2023 como o “pior massacre de judeus desde o Holocausto” e alegou, sem provas, que o grupo palestino de usar civis como escudos humanos.

Apesar das mais de 66 mil mortes confirmadas pelo governo de Gaza, das condenações internacionais pelo massacre deliberado e da crise de fome generalizada, insistiu em negar as acusações de genocídio, argumentando que Israel tomou medidas para minimizar as baixas enquanto fornecia ajuda alimentar a Gaza.

Netanyahu também reforçou que seu país nunca aceitará um Estado palestino, indicando que continuará atacando o enclave.

Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, disse que Israel está fomentando uma crise regional, ao criticar seus ataques ao Irã e ao Catar e se opor aos pedidos de anexação da Cisjordânia ocupada.

Lavrov apontou também o atraso no reconhecimento da Palestina pelos governos ocidentais. Pedindo uma ação urgente para preservar os direitos palestinos, o chanceler relacionou o genocídio no enclave ao nível mais amplo dos padrões duplos do Ocidente, acusando os EUA e seus aliados de sabotarem a diplomacia e minarem o sistema da ONU.

Faisal bin Farhan Al Saud, príncipe e chanceler da Arábia Saudita

O ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, príncipe Faisal bin Farhan Al Saud, condenou as práticas “brutais e descontroladas” de Israel contra os palestinos, mencionando fome, deslocamento forçado e assassinato sistemático.

A autoridade pediu uma ação urgente para acabar com a agressão sionista e saudou países como França, Reino Unido, Canadá e Austrália pelo reconhecimento do Estado palestino.

(*) Com informações de Al Jazeera