Sob ameaça de restringir auxílio militar, EUA exigem que Israel permita ajuda humanitária em Gaza
Casa Branca deu 30 dias para Tel Aviv ampliar acesso; cerco e ataques, porém, continuam no enclave
O governo de Joe Biden advertiu Israel que os Estados Unidos poderão cortar o auxílio militar ao país caso não ocorra uma melhora na entrada de ajuda humanitária em Gaza.
A advertência foi divulgada via uma carta assinada pelos secretários de Defesa e de Estado, Lloyd Austin III e Antony Blinken, respectivamente, e dirigida aos ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, e de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer.
Divulgada nesta terça (15/10), mas enviada no domingo (13/10), a missiva não parece ter impressionado muito o governo israelense, que mantém ao menos 400 mil palestinos cercados no norte do enclave. E, enquanto impede a entrada de suprimentos, mantém os bombardeios e ataques terrestres aos sitiados.
Somente nas últimas 24 horas, as Forças de Defesa Israelenses (IDF, por sua sigla em inglês) mataram 65 pessoas e feriram 140 na Faixa de Gaza.
Prazo de um mês
O ultimato norte-americano, porém, dá prazo de 30 dias para ser cumprido. Um mês para que Israel amplie a entrada de ajuda humanitária numa região que já não tem gasolina para as ambulâncias, nem remédios para os hospitais. Mesmo alimentos e água potável começam a faltar em diversas áreas.
Enviado três semanas antes das eleições presidenciais norte-americanas e com prazo de um mês para ser cumprido, a exigência provavelmente só será avaliado seriamente por Israel depois que eles saibam quem será seu novo interlocutor na Casa Branca.
Uma reportagem do New York Times informou, inclusive, que, segundo assessores da Casa Branca, a decisão de que a carta não levasse a assinatura do presidente Biden foi tomada para buscar isolar a vice-presidente Kamala Harris do tema.
Candidata democrata à Presidência, Harris tem feitos verdadeiros malabarismos para não se comprometer com a questão das agressões de Israel no Oriente Médio.

FAB/Governo do Brasil
Governo brasileiro foi um dos países que enviou toneladas de alimentos que para Faixa de Gaza
Ela se recusou a fazer qualquer ameaça a Israel, limitando-se a pedir que a guerra acabe antes possível para que a perda de vidas palestinas, “de partir o coração”, se encerre.
Segundo o NYT, a carta vazou um dia após Harris postar em suas redes sociais que Israel deveria fazer mais para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza. Nesse mesmo, dia ela fazia campanha em Michigan, estado crucial nas eleições que tem uma grande quantidades de eleitores muçulmanos e árabes americanos.
Muitos deles, segundo o jornal “estão furiosos com a forma com a administração Biden-Harris lidou com a ofensiva de Israel em Gaza”. E Harris deve voltar a Michigan esta semana.
Tanto as Nações Unidas como autoridades dos EUA alertaram que nas últimas semanas as condições já bastante precárias da Faixa de Gaza pioraram muito, sobretudo no norte, onde as IDF concentram suas operações contra o que chamam de “redutos do Hamas”.
Em setembro, antes mesmo do cerco, a entrada de ajuda humanitária atingiu os níveis mais baixos do último ano.
Corte exige explicações ao seu governo
A Suprema Corte de Israel ordenou terça-feira que o governo de Benjamin Netanyahu explique por que as evacuações de doentes de Gaza, não envolvidos na guerra entre Hamas e Israel, não estão ocorrendo a contento.
A ordem atende a uma petição de três grupos israelenses de direitos humanos apresentada no início de junho, após o fechamento da fronteira de Rafah, entre Gaza e Egito.























