Cofundador da Ben & Jerry’s rejeita censura sionista da controladora Unilever e pede demissão
Jerry Greenfield anuncia renúncia acusando multinacional britânica de silenciar ativismo pró-Palestina
O cofundador da Ben & Jerry’s, Jerry Greenfield, anunciou nesta quarta-feira (17/09) a sua saída da empresa de sorvetes, depois de quase 50 anos de trabalho, acusando a Unilever, controladora do Reino Unido, de silenciar as ações de ativismo pró-Palestina da marca contra o genocídio cometido por Israel na Faixa de Gaza.
Em uma carta aberta compartilhada na plataforma X por Ben Cohen, seu parceiro de negócios, Greenfield classificou sua renúncia como uma das “decisões mais difíceis e dolorosas” já tomadas por ele. Entretanto, ressaltou que não poderia mais continuar trabalhando para uma empresa que sofre de censura.
After 47 years, Jerry has made the difficult decision to step down from the company we built together. I’m sharing his words as he resigns from Ben & Jerry’s. His legacy deserves to be true to our values, not silenced by @MagnumGlobal #FreeBenAndJerrys pic.twitter.com/EZXGRjs76a
— Ben Cohen (@YoBenCohen) September 17, 2025
A Unilever e a Ben & Jerry’s entraram em conflito desde 2021, quando a fabricante sediada em Vermont, nos Estados Unidos, disse que interromperia as vendas nos assentamentos da Cisjordânia ocupada por Israel justificando ser “inconsistente com nossos valores”. Não somente isso, em 2022, a controladora vendeu seu negócio israelense para uma empresa local que reforçou que usaria o nome Ben & Jerry’s em hebraico para todo o território de Israel e Cisjordânia.
Em novembro de 2024, a marca de sorvetes processou a Unilever de censurar suas declarações em apoio aos palestinos. Na época, um porta-voz da multinacional britânica disse: “Nosso coração está com todas as vítimas dos trágicos eventos no Oriente Médio. Rejeitamos as alegações feitas pelo conselho de missão social da B&J e defenderemos nosso caso com muita veemência. Não comentaremos mais sobre esta questão legal.”

Fachada de uma das lojas da marca norte-americana de sorvetes Ben & Jerry’s em Washington
Wikimedia Commons/cp_thornton
Em março deste ano, a Ben & Jerry’s acusou a Unilever de demitir ilegalmente seu diretor-executivo, David Stever, em retaliação ao ativismo da marca. Em um documento enviado à Justiça na época, a fabricante denunciou que a medida unilateral viola o acordo de fusão entre as companhias, que prevê a consulta prévia para qualquer mudança de gestão.
Dois meses depois, Cohen foi preso por interromper uma audiência no Senado dos EUA em protesto contra o apoio de Washington ao genocídio israelense, que hoje, segundo Ministério da Saúde de Gaza, já provoca a morte de quase 65 mil pessoas desde 7 de outubro de 2023.
À agência Reuters, um porta-voz da Magnum Ice Cream Company, divisão de sorvetes da Unilever mencionada na publicação de Cohen, afirmou discordar do posicionamento de Greenfield nesta quarta-feira, e que procurou envolver os dois cofundadores em “um diálogo construtivo para fortalecer a sólida posição da Ben & Jerry’s no mundo, baseada em valores”.























