Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Os membros da coalizão de extrema direita liderada pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, manifestam nesta quinta-feira (09/10) posições diversas sobre o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. O tratado, costurado pelos Estados Unidos e aprovado na noite anterior, só entrará em vigor assim que for ratificado em votação pelo gabinete israelense. 

Assim que se deu o anúncio do avanço do cessar-fogo, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, reagiu negativamente, expressando forte oposição e ressaltando que o seu partido de extrema direita Sionismo Religioso não votará a favor do fim dos combates no território palestino. Segundo ele, o texto não pode ser aprovado até que o Hamas seja completamente exterminado.

Contrário a alguns dos 20 pontos previstos no tratado, entre eles a possibilidade da criação de um Estado palestino, Smotrich alegou “tremendo medo das consequências de esvaziar as prisões e libertar a próxima geração de líderes terroristas, que farão de tudo para continuar derramando rios de sangue judeu”.

“Não podemos participar das celebrações míopes ou votar a favor do acordo”, reiterou, insistindo que Israel continuará atacando Gaza para a “erradicação real do Hamas” depois que os israelenses voltarem.

“É uma enorme obrigação garantir que não retornemos ao caminho do [acordo de] Oslo, Deus me livre, e que não abandonemos nossa segurança nas mãos de estrangeiros”, disse ele, acrescentando que sua oposição a acordos anteriores “levou ao progresso na ocupação de Gaza e à aplicação de pressão militar que colocou o Hamas de joelhos”.

Na mesma linha, a ministra de Assentamentos, Orit Strock, também membro do partido Sionismo Religioso, disse ao site israelense Ynet ser “moralmente impossível permanecer em um governo que implementa o Oslo III, envia soldados para o combate e renuncia a esses objetivos”.

Por outro lado, o ministro das Relações Exteriores, Gideon Sa’ar, saudou a consolidação da primeira fase do cessar-fogo em Gaza e se posicionou pelo voto a favor do acordo. Em rede social, disse que Israel “passou no teste moral e ético de seu compromisso com a libertação de seus reféns”.

“Não acho que haja outra nação que tenha resistido a esse teste. Esse compromisso foi expresso no esforço persistente para libertar os reféns e também na forma como a própria guerra foi conduzida”, afirma Sa’ar. “Hoje, na reunião de governo, terei o privilégio de votar pela terceira vez [depois de novembro de 2023 e janeiro de 2025] a favor de um quadro para a libertação de reféns”.

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante reunião com gabinete de segurança, antes da votação do acordo de cessar-fogo
Maayan Taof/GPO

Sa’ar ainda congratulou Netanyahu e o presidente norte-americano Donald Trump pelos esforços para chegar a um acordo. Entretanto, advertiu que “os desafios de Israel não acabaram”, destacando que o regime sionista “não desistiu de nenhum dos objetivos de guerra”.

“Todos eles [objetivos de guerra] estão, na prática, incluídos no plano de Trump”, insistiu. “Não desistimos de acabar com o domínio do Hamas em Gaza, nem de remover a ameaça que ele representa para Israel e seus cidadãos”.

Por sua vez, o ministro da Justiça, Yariv Levin, um importante aliado de Netanyahu, elogiou o acordo. Em rede social, agradeceu o premiê “que liderou o navio em seus momentos difíceis e nos trouxe ao momento histórico em que estamos agora”. Acrescentou ainda agradecimentos a Trump pelos esforços no tratado.

“Continuaremos a trabalhar para garantir que o Hamas nunca mais pegue em armas e controle da Faixa de Gaza”, acrescentou.