Coalizão de Netanyahu está dividida antes de votação do cessar-fogo
Parte rejeita possível criação do Estado palestino e defende ‘erradicação real do Hamas’, enquanto outra garante voto, mas reitera que ‘objetivos de guerra’ não acabaram
Os membros da coalizão de extrema direita liderada pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, manifestam nesta quinta-feira (09/10) posições diversas sobre o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. O tratado, costurado pelos Estados Unidos e aprovado na noite anterior, só entrará em vigor assim que for ratificado em votação pelo gabinete israelense.
Assim que se deu o anúncio do avanço do cessar-fogo, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, reagiu negativamente, expressando forte oposição e ressaltando que o seu partido de extrema direita Sionismo Religioso não votará a favor do fim dos combates no território palestino. Segundo ele, o texto não pode ser aprovado até que o Hamas seja completamente exterminado.
Contrário a alguns dos 20 pontos previstos no tratado, entre eles a possibilidade da criação de um Estado palestino, Smotrich alegou “tremendo medo das consequências de esvaziar as prisões e libertar a próxima geração de líderes terroristas, que farão de tudo para continuar derramando rios de sangue judeu”.
“Não podemos participar das celebrações míopes ou votar a favor do acordo”, reiterou, insistindo que Israel continuará atacando Gaza para a “erradicação real do Hamas” depois que os israelenses voltarem.
“É uma enorme obrigação garantir que não retornemos ao caminho do [acordo de] Oslo, Deus me livre, e que não abandonemos nossa segurança nas mãos de estrangeiros”, disse ele, acrescentando que sua oposição a acordos anteriores “levou ao progresso na ocupação de Gaza e à aplicação de pressão militar que colocou o Hamas de joelhos”.
רגשות מעורבים בבוקר מורכב:
שמחה עצומה על השבת אחינו החטופים כולם!
על הזכות להיות ממובילי ההתנגדות לעסקאות חלקיות שהיו משאירות חצי מהם לפחות להינמק במנהרות האויב, והדרישה להמשיך במלחמה עד מימוש מלא מטרותיה, דרישה שהביאה להתקדמות לכיבוש עזה והפעלת הלחץ הצבאי שהביא את חמאס להתקפל.…
— בצלאל סמוטריץ’ (@bezalelsm) October 9, 2025
Na mesma linha, a ministra de Assentamentos, Orit Strock, também membro do partido Sionismo Religioso, disse ao site israelense Ynet ser “moralmente impossível permanecer em um governo que implementa o Oslo III, envia soldados para o combate e renuncia a esses objetivos”.
Por outro lado, o ministro das Relações Exteriores, Gideon Sa’ar, saudou a consolidação da primeira fase do cessar-fogo em Gaza e se posicionou pelo voto a favor do acordo. Em rede social, disse que Israel “passou no teste moral e ético de seu compromisso com a libertação de seus reféns”.
“Não acho que haja outra nação que tenha resistido a esse teste. Esse compromisso foi expresso no esforço persistente para libertar os reféns e também na forma como a própria guerra foi conduzida”, afirma Sa’ar. “Hoje, na reunião de governo, terei o privilégio de votar pela terceira vez [depois de novembro de 2023 e janeiro de 2025] a favor de um quadro para a libertação de reféns”.

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante reunião com gabinete de segurança, antes da votação do acordo de cessar-fogo
Maayan Taof/GPO
Sa’ar ainda congratulou Netanyahu e o presidente norte-americano Donald Trump pelos esforços para chegar a um acordo. Entretanto, advertiu que “os desafios de Israel não acabaram”, destacando que o regime sionista “não desistiu de nenhum dos objetivos de guerra”.
“Todos eles [objetivos de guerra] estão, na prática, incluídos no plano de Trump”, insistiu. “Não desistimos de acabar com o domínio do Hamas em Gaza, nem de remover a ameaça que ele representa para Israel e seus cidadãos”.
These are historic moments for the people of Israel and the State of Israel. For over two years of a tough war on multiple fronts, Israel as a nation has shown extraordinary strength, determination, and resilience. We have succeeded in restoring Israel’s image of strength in the…
— Gideon Sa’ar | גדעון סער (@gidonsaar) October 9, 2025
Por sua vez, o ministro da Justiça, Yariv Levin, um importante aliado de Netanyahu, elogiou o acordo. Em rede social, agradeceu o premiê “que liderou o navio em seus momentos difíceis e nos trouxe ao momento histórico em que estamos agora”. Acrescentou ainda agradecimentos a Trump pelos esforços no tratado.
“Continuaremos a trabalhar para garantir que o Hamas nunca mais pegue em armas e controle da Faixa de Gaza”, acrescentou.























